Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Notícias

Empresários já recrutam imigrantes do Haiti

Folha SP

Indústrias do Norte e do Sul contratam desde 2011; haitianos têm seu trabalho elogiado

DE MANAUS

DO ENVIADO A RIO BRANCO

DE PORTO ALEGRE

Imigrantes haitianos que entraram no Brasil pela fronteira amazônica nos últimos meses vêm sendo recrutados por empresários para trabalhar em cidades do Norte e do Sul do país. Só a indústria de plástico Coplast, de Manaus, já contratou 77 imigrantes desde março de 2011.

Eles chegaram ao Brasil pela cidade de Tabatinga, na fronteira com Peru e Colômbia, e ganham a partir de R$ 702 mais alimentação, assistência médica e transporte. Três casas foram alugadas pela empresa para abrigá-los.

O empresário Antonio Reginaldo Pizzonia diz que a ideia de recrutá-los partiu de uma prima, sensibilizada com a situação dos haitianos.

“Nos primeiros 15 dias, percebemos que eles têm um comportamento muito bom, são pessoas produtivas, que nos ajudam”, diz Pizzonia.

Um dos empregados haitianos é Nenio Gabriel, 30, que se destacou tanto que foi trabalhar no setor de recursos humanos. Em março, vai tirar suas primeiras férias e quer cursar administração.

Indústrias do Sul também já contrataram haitianos, conforme informou ontem a coluna “Mercado Aberto”. Entre os motivos, os empresários citam a falta de mão de obra e a ajuda humanitária.

A Fibratec, que produz piscinas, pagou a transferência de dezenas de haitianos para Chapecó (SC). O interesse começou quando o gerente de produção, Arlã Tormem, 37, foi a trabalho para Brasileia (AC), uma das portas de entrada dos imigrantes.

Ao saber que os haitianos estavam instalados provisoriamente na cidade, pensou em recrutá-los. “Eles estavam em uma situação caótica. É uma oportunidade de dar algo mais digno”, diz.

Desde julho, 35 haitianos foram para Chapecó. Desses, 14 ainda estão na Fibratec. Os demais conseguiram empregos em outras empresas ou não se adaptaram.

No Rio Grande do Sul, a fábrica de massas Romena deve receber nos próximos dias dez haitianos vindos do Acre.

O plano é treiná-los para trabalhar na linha de produção em Gravataí (região metropolitana de Porto Alegre).Um diretor da empresa esteve no Norte do país para definir a mudança deles.

O governo do Acre estima que 1.600 haitianos já tenham sido encaminhados para trabalhos em outras partes do Brasil. Diariamente, cinco empresas telefonam pedindo o envio de mão de obra, diz o governo. (KÁTIA BRASIL, FELIPE BÄCHTOLD e AGUIRRE TALENTO)