DA REPORTAGEM LOCAL
Empresários ouvidos pela Folha acreditam que a forte crise que se abateu sobre a indústria levará empresas e sindicatos a um acordo inédito para redução de jornada com diminuição proporcional de salário. A medida encontra resistência principalmente na CUT (Central Única dos Trabalhadores), que tem defendido a redução de jornada sem diminuição de salários.
Para Lawrence Pih, proprietário do Moinho Pacífico, a medida é a única capaz de minimizar os efeitos da crise no mercado de trabalho. “Uma redução de jornada com redução proporcional de salário pode restringir ao mínimo o número de demissões na indústria”, diz. Para ele, os empresários não têm como garantir estabilidade no emprego.
“A Fiesp não representa o país inteiro, mas a maioria das indústrias de São Paulo, e poderá influenciar as empresas a adotar a redução de jornada com redução de salário em vez da demissão”, afirma Pih.
Segundo Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), a medida não significará precarização do trabalho, mas um ajuste a um novo cenário internacional muito crítico para a manutenção do nível de emprego.
Já José Antônio Martins, vice-presidente do conselho da Marcopolo, acredita que os sindicalistas não endurecerão as negociações porque os “sindicalistas atualmente são bastante racionais e inteligentes”.
“A esta altura, não adianta brigar. Somos todos participantes de uma guerra e temos de vencê-la, tentando de todas as maneiras manter a empregabilidade.”
Para isso, segundo Martins, os sindicalistas deveriam unir-se aos empresários para pressionar o governo a adotar medidas de isenção tributária, de aumento do crédito e de proteção a alguns setores.
A Marcopolo não pensa em fazer demissões no Brasil, uma vez que o programa Caminhos da Escola, do governo federal, comprará mais de 6.500 ônibus neste ano. No exterior, no entanto, a empresa ainda avalia a manutenção das vagas.
(AGNALDO BRITO E CRISTIANE BARBIERI)