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Empregos ameaçados nas autopeças

Se imposto para veículos subir, novas demissões serão inevitáveis, dizem empresários

FABRÍCIO DE CASTRO, fabricio.castro@grupoestado.com.br

Quarenta mil trabalhadores da indústria de autopeças estão com seus empregos ameaçados. No fim de março, termina o prazo dado pelo governo federal que garante a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os veículos novos. A redução do tributo, anunciada em dezembro, serviu para incentivar as vendas de carros entre janeiro e março e reduzir os efeitos da crise sobre as fábricas. Para o setor, no entanto, a volta das alíquotas normais do tributo vai intensificar as demissões.

De setembro do ano passado a fevereiro de 2009, cerca de 28,7 mil pessoas foram demitidas na cadeia de autopeças, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças). O número refere-se a desligamentos em empresas que representam 42% do faturamento do setor.

Outros 40 mil empregos foram mantidos por meio de acordos de redução de salários e jornadas, feitos entre empresas e sindicatos. “Esse mecanismo foi utilizado em larga escala para evitar mais demissões”, afirma George Rugitsky, do conselho de administração do Sindipeças.

Como boa parte dos acordos vence em abril, as empresas precisarão escolher entre a reintegração dos funcionários ou a demissão. O problema é que, se o IPI normal voltar a ser cobrado, o preço dos veículos para o consumidor final vai subir, o que reduzirá as vendas. Com menos encomendas, a produção industrial vai despencar novamente.

“A projeção é que março feche com a produção de 230 mil veículos”, afirma Paulo Butori, presidente do Sindipeças. Sem a redução de IPI, o mercado voltaria aos níveis de dezembro, quando foram produzidos cerca de 100 mil unidades.

Atento ao problema, o governo federal promete discutir a ampliação do prazo de vigência do IPI reduzido. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, vão avaliar a questão em reuniões com a indústria automobilística. A decisão, porém, dificilmente sairia antes de 30 de março.

As exportações também preocupam. Atualmente, cerca de 60% das peças produzidas no Brasil são vendidas para montadoras. Outros 20% são exportados, enquanto 16% vão para o mercado de reposição.

Com o mercado automotivo em retração, os preços das peças despencaram em todo o mundo. Resultado: as indústrias brasileiras estão tendo dificuldades para vender para outros países. “Se você compra peças por 1 euro lá fora e por 10 euros aqui, é melhor comprar lá fora”, diz Butori.

O mesmo ocorre com as montadoras instaladas no Brasil, que podem comprar peças de outros países, se for mais vantajoso. Para que a importação de produtos não atinja a indústria nacional, o Sindipeças sugere um maior controle sobre a entrada de produtos. “O monitoramento é importante. Quando houver o excesso, o governo poderá pedir a licença de importação”, diz Butori. Por este mecanismo, haveria uma redução das importações. “Cada país vai procurar proteger sua casa. Não podemos deixar o ( presidente da França Nicolas) Sarkozy fechar tudo e ficarmos parados.”