Renato Conde
Na unidade da Hyundai em Anápolis funcionários temem ser dispensados após período de férias coletivas
Karina Ribeiro
Cerca de 5 mil funcionários distribuídos em três montadoras automobilísticas instaladas em Goiás trabalham na corda bomba. O medo é de que a crise econômica e a queda nas vendas acarretem demissões em massa. A apreensão aumentou depois que a unidade da Hyundai em Anápolis, que conta com 1.650 funcionários, anunciou férias coletivas de dez dias, contando a partir do próximo dia 22. Segundo informações da assessoria de imprensa, a medida foi tomada apenas para readequar os estoques.
Apesar disso, a nota não informa sobre possíveis demissões, afirmando, apenas, que não há nenhum programa de demissão voluntária programado. Questionada sobre o volume de queda nas vendas este ano, a montadora afirmou que não há dados para repassar.
A unidade foi inaugurada em 2007, com investimento de R$ 1,2 bilhão, para produzir os modelos Hyundai HR, HD78, Ix35 e Tucson Flex. Neste primeiro trimestre, informações do Porto Seco Centro-Oeste apontam que a Hyundai importou 61% a menos que o mesmo período do ano passado.
Clima tenso
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Anápolis, Reginaldo José de Faria, a medida deve inibir, pelo menos por enquanto, futuras demissões. Ele explica que o clima no chão de fábrica é tenso. “As pessoas estão muito preocupadas com o trabalho, já que outras fábricas do País já demitiram.” Reginaldo afirma que há receio de que ocorra efeito cascata, respingando em funcionários de empresas que prestam serviços à montadora.
A convenção de negociação salarial entre a empresa e o sindicato será a primeira do setor em Goiás, marcada para maio. Ele acredita que o resultado pode dar o tom das demais datas base. “A empresa está nos passando tranquilidade, mas sabemos que será difícil ter qualquer ganho real e a preocupação é manter o emprego.”
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão (Simecat), Carlos Albino, informa que dirigentes da montadora Mitsubishi, que emprega 2,7 mil funcionários diretos e 500 indiretos no município, explicaram que até o próximo dia 29 a empresa passa por um processo de análise de redução de custo. “A medida é para reduzir todos os custos, mas tememos por demissões depois dessa data”, diz.
O sentimento é respaldado por números. Ele diz que a última planilha que teve acesso, há 15 dias, apontava redução de 24% no volume de vendas. “É um sentimento de tristeza, por que a fábrica investiu para aumentar a produção e veio toda essa crise”, lamenta.
Suzuki
Em Itumbiara a situação é particular. De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Itumbiara, Flávio Henrique Marani Caetano, o boato sobre o fechamento da Suzuki é recorrente. Isso por que a unidade é responsável somente por finalizar o acabamento dos modelos Jimmy, Vitara e SX4. “Boa parte do carro é produzido em Catalão, na unidade da Mitsubishi. Aqui só resta colocar adesivos e alguns itens como para-choque”, completa. O receio é de que a montadora resolva concentrar todo o serviço em Catalão para otimizar custos. O dirigentes de todos esses sindicatos afirmam que, diante da crise, perderam o poder de barganha nas mesas de negociações salariais. Por isso a palavra de ordem é a manutenção dos empregos.
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