São Paulo e Minas Gerais lideram expansão, mas analistas dizem que alta dos juros pelo BC ameaça trajetória em 2009.
Emprego no setor avança 2,7% em seis meses; salários pagos em junho seguem em expansão e sobem 6,7% sobre junho de 2007.
O emprego na indústria brasileira fechou o primeiro semestre com o melhor resultado para o período desde 2002, início da série histórica do IBGE: crescimento de 2,7%. Entre os Estados, São Paulo liderou a expansão, com alta de 4,1%, seguido de Minas Gerais, com 3,7%.
Os analistas afirmam que a continuidade dessa trajetória está ameaçada pelo ciclo de alta dos juros iniciado em abril pelo Banco Central, mas salientam também que os impactos para o emprego industrial só devem ser sentidos a partir de 2009.
Enquanto isso, a abertura de vagas na indústria permanece sendo um fenômeno generalizado: em junho, ocorreu em 12 dos 18 setores e em 10 das 14 regiões pesquisadas pelo IBGE.
“O emprego acompanhou o excelente desempenho da indústria no primeiro semestre. No caso dos setores de máquinas e equipamentos, reflete a onda de investimentos. Nas indústrias automobilística e de eletroeletrônico, é efeito do crédito e da massa salarial”, diz André Luiz Macedo, economista do IBGE.
Na comparação com maio, o resultado de junho -alta de 0,5%- interrompeu dois meses de queda: maio (0,1%) e abril (0,2%). Utilizando o critério da comparação com o mesmo mês do ano anterior, o emprego industrial cresceu 2,5% em relação a junho de 2007.
Apesar dos bons resultados da indústria como um todo, alguns setores registraram redução nos postos de trabalho. Foi o caso da indústria de calçados e artigos de couro (11,1%), têxtil (5,4%) e vestuário (5%).
“São indústrias muito empregadoras e sensíveis à taxa de câmbio. O resultado mostra que elas estão sentindo os efeitos da maior concorrência interna [por causa do crescimento das importações] e das dificuldades no mercado externo.”
Para o economista Sérgio Vale, da MB Associados, os reflexos da alta da Selic para o emprego industrial só começarão a ser sentidos no ano que vem: “Os efeitos da política monetária levam um certo tempo para bater na economia real. Além disso, esse efeito costuma ser mais demorado no caso do emprego, que só cai depois que a produção desacelera”.
Vale observa, no entanto, que o impacto para a produção industrial deve ser menor do que nos últimos dois ciclos de alta dos juros: “Em 2003, o juro real encostou em 20% [ao ano] e o crescimento da indústria foi zero. Em 2005, o juro foi a 15% e a indústria cresceu 2%. Para 2009, estamos prevendo juro real em torno de 9%, com crescimento industrial de 3,5%”.
Salários em alta
Os salários pagos na indústria seguem trajetória de alta: em junho o crescimento foi de 6,7% em relação a junho de 2007 e de 0,2% na comparação com maio. Nos últimos 12 meses, a massa salarial da indústria cresceu 6,3%, e ficou acima da taxa anualizada registrada em maio (6,1%) e abril (5,9%).