Murillo Camarotto, Valor Online, de São Paulo
Apesar do alívio interno possibilitado pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), as montadoras brasileiras atingiram em abril o sexto mês seguido de cortes no emprego. Segundo a Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a indústria empregava 120,8 mil trabalhadores ao final de abril, 6 mil a menos do que em dezembro de 2008, quando o governo reduziu o IPI. Com os cortes, o emprego no setor voltou ao mesmo nível do final de 2007, ou seja, foram eliminadas todas as contratações feitas em 2008.
Os cortes, entretanto, vêm ocorrendo desde o final de outubro, quando as fabricantes informavam empregar 131,7 mil pessoas. De lá para cá, o emprego encolheu 8,3%, enquanto que as vendas internas, apesar da volatilidade, apresentaram variação mensal média negativa de 0,33%.
O problema, segundo a Anfavea, está nas exportações. Com a retração dos principais mercados compradores de veículos brasileiros, como Argentina e México, as montadoras têm apresentado fortes quedas nas vendas externas. Mesmo assim, em abril as exportações cresceram 5,8% ante março, para 36,4 mil unidades. Já na comparação com o mesmo mês de 2008 houve recuo de 45,9%. No acumulado de janeiro a abril, a queda é ainda maior: de 50,3%, para 123,1 mil veículos.
O presidente da Anfavea, Jackson Schneider, diz que a queda do mercado externo é a responsável pelas demissões nas montadoras, que acabam produzindo menos. No mesmo intervalo dos cortes, a produção nacional declinou 2,54% por mês, em média.
O dirigente enfatiza que os cortes de empregos estão sendo feitos por meio de programas de demissão voluntária e pela não renovação de contratos temporários, como acordado com o governo no âmbito da redução do IPI.
Schneider afirmou que, hoje, a indústria não tem condições de traçar perspectivas para a recuperação da demanda externa, o que o impede de prever qualquer movimento no emprego. A entidade já revelou, entretanto, suas projeções para o desempenho do setor em 2009, e a expectativa para as exportações é de queda de 32% ante 2008, com 500 mil unidades. A receita com estas vendas deve cair 39%, para US$ 8,5 bilhões.