Ministro não diz quantas vagas formais foram criadas, mas garante que perdas no acumulado do ano foram zeradas
Cleide Silva
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse ontem, durante o evento em comemoração ao 1º de Maio organizado pela Força Sindical, em São Paulo, que a partir dos resultados de abril os números de empregos formais no País devem zerar as perdas de mais de 100 mil vagas fechadas em janeiro.
Segundo ele, a melhora começou em fevereiro, com saldo positivo de 9 mil vagas, número que em março subiu para quase 35 mil. “Tenho certeza de que os números de abril serão melhores que os de março e em 2009 o saldo será positivo”, afirmou o ministro.
Tanto a festa promovida pela Força Sindical, como aquelas organizadas pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) – as duas principais centrais do País -, tinham como tema principal o emprego e a manutenção de direitos dos trabalhadores, além de apelos para uma queda mais acentuada da taxa de juros. Mas o que levou mesmo a maioria do público às ruas foram os shows de artistas populares (ler abaixo).
Lupi informou não ter ainda disponíveis os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que serão divulgados nos próximos dias. No primeiro trimestre, o saldo de empregos no País ainda está negativo em 57 mil postos formais. O último mês de 2008 foi o pior já registrado pelo Caged, com mais de 650 mil vagas fechadas.
A melhora da economia, que, segundo o ministro já pode ser notada em vários setores, é o que está puxando a geração de empregos com carteira assinada. “O Brasil está respondendo bem à crise e vai crescer”, afirmou ele.
No curto discurso que fez ao público de mais de 1 milhão de pessoas na Praça Campo de Bagatelle, na Zona Norte de São Paulo, Lupi citou que a crise “não foi criada pelos trabalhadores brasileiros, nem sequer pelo governo, mas é fruto do egoísmo de um sistema financeiro que queria ganhar dinheiro sem medir consequências”. Disse, ainda, acreditar que o Brasil será um dos primeiros países a sair da crise.
Para o ministro, “a hora não é de demitir”. Pouco antes, ao falar com jornalistas, ele havia criticado setores que se anteciparam e fizeram demissões, como o automobilístico e o de aviação. A Embraer, citou o ministro, foi uma das que teriam se precipitado. A empresa “já está vendendo mais aviões, há novas encomendas, está vendendo para a Venezuela, para a Colômbia”, afirmou.
SALÁRIO-DESEMPREGO
Lupi disse, ainda, que o governo está estudando pedido das centrais sindicais de estender para outros setores da economia a ampliação de cinco para sete no número de parcelas do seguro-desemprego.
“Muitos ficaram de fora, como os setores de carne, mineração e calçados”, disse o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
O sindicalista informou que as centrais preparam uma lista com dados de cortes ocorridos nesses setores nos últimos meses para ser entregue ao governo antes do dia 15, quando ocorrerá a reunião do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), que pode deliberar sobre o tema.
O ministro do Trabalho, assim como diversos sindicalistas que participaram do evento de ontem, insistiu em que o Banco Central deve continuar reduzindo a taxa de juros, mas de maneira mais acentuada. Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a Selic em um ponto porcentual, para 10,25% ao ano.
“Até o próprio Meirelles (Henrique Meirelles, presidente do Banco Central) está defendendo a queda dos juros, o que é uma grande evolução”, afirmou Lupi.