Acordos preveem o desenvolvimento e modernização de aviões para a FAB e a Marinha, e empresa não descarta possibilidade de recontratar
Jacqueline Farid, RIO
A Embraer assinou ontem dois contratos, no valor total de US$ 1,44 bilhão, para desenvolvimento e modernização de aviões para a Força Aérea Brasileira (FAB) e para a Marinha. O presidente da empresa, Frederico Curado, disse que já havia perspectiva de assinatura desses contratos antes das 4,2 mil demissões efetuadas em fevereiro, mas garantiu que os novos projetos poderão levar a empresa a admitir – nesse caso, haverá prioridade para os funcionários desligados.
Curado prevê que a recuperação da empresa dos efeitos da crise internacional não deverá ocorrer antes de 2011. “Nossa expectativa é que possamos voltar a crescer em dois anos”, disse, em entrevista no evento Latin América Aero and Defence (LAAD), no Rio.
A assinatura dos contratos é a segunda boa notícia, em pouco mais de uma semana, dada pelo governo à Embraer. No início da semana passada, o BNDES anunciou financiamento de R$ 254 milhões à companhia aérea Azul para aquisição de quatro jatos da empresa.
Curado confirmou que a expectativa da Embraer é de entrega de 242 jatos em 2009, sendo 132 de grande porte. No primeiro trimestre deste ano, segundo dados já informados pela empresa, foram entregues 40 aeronaves, com queda de 11% ante igual período do ano passado. No total de 2008, foram entregues 204 aeronaves, recorde na história da companhia.
Dos contratos assinados ontem, US$ 1,3 bilhão referem-se ao desenvolvimento da aeronave de transporte KC-390. O projeto terá prazo de sete anos, finalizando com a fabricação de dois protótipos.
Segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que participou da cerimônia da assinatura, os contratos “mostram que a estratégia nacional de defesa não veio para ficar no papel”. Para a Marinha, a Embraer fará a modernização de 12 aeronaves, dos modelos AF1 e AF1A, conhecidos como A-4 Skyhawk. O acordo terá valor de US$ 140 milhões.
EMPREGOS
Curado garantiu que pretende recontratar parte da mão de obra demitida em fevereiro. Ele acredita que as novas contratações vão exigir funcionários especializados, mas evitou estabelecer prazo para admissões. “Não devemos gerar necessidades de empregos diretos no curto prazo, mas quando houver, será prioridade contratar os que saíram.”
O executivo comemorou a decisão tomada anteontem pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), que acatou recurso da empresa que solicitava a suspensão do pagamento de salário aos 4,2 mil demitidos em fevereiro. “A decisão confirma a legalidade do que fizemos. A questão da legalidade é muito importante para nós”, disse.