“As reformas que estão aí só irão trazer a precarização a curto e médio prazo para os trabalhadores”. Esse foi o alerta dado pelo economista e jornalista do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), Marcos Verlaine, durante o Seminário Estadual de Planejamento para os Congressos da Força Sindical”, promovido pela Força Paraná, em Matinhos, litoral do estado. Palestrando para os diretores dos Sindicatos filiados à Central no Paraná, Marcos falou sobre as reformas da Previdência, trabalhista, da PEC do congelamento dos gastos e do projeto da terceirização.
Para Marcos, as reformas são o resultado de um processo que culminou com o impeachment. “A lógica das reformas tem por base não apenas a mudança de governo, mas a mudança do estado brasileiro. Tínhamos um governo que procurou empoderar os mais desvalidos através de uma série de programas e investimentos sociais. Quando muda o governo, se inicia um processo de desconstrução desse processo com o objetivo de favorecer o sistema financeiro”, avaliou Marcos.
Como prova disso, Marcos deu o exemplo da PEC do Teto dos gastos, aprovado no ano passado pelo Congresso. “A PEC congela os gastos primários como saúde, educação, salários, segurança, etc. Mas não mexe um dedo nas despesas financeiras da dívida pública”, diz Marcos, mostrando que esse ano, 51% do orçamento brasileiro está destinado para pagar juros e serviços da dívida. “Vamos pagar R$ 1,7 trilhão aos bancos esse ano. Mais da metade do orçamento que é R$ 3,5 trilhões”, enfatiza.
Reforma trabalhista e da Previdência
Para Marcos Verlaine, a reforma trabalhista anunciada pelo governo é inócua, pois não trará nenhum efeito para a economia. Porém, o assunto ganha corpo devido à falta de preparo dos Sindicatos para debater o assunto. “O argumento dos empresários em relação reforma trabalhista é precário. E, por isso, o movimento sindical precisa estar preparado para rebater esses argumentos”, diz Marcos. Ele dá o exemplo: “Por exemplo, na última década, o País viveu o pleno emprego com a economia chegando a índices de crescimento no padrão chinês. Tudo isso com os direitos e a legislação trabalhista sem interferir no processo. É preciso destruir esse mantra do capital de que a precarização melhora o ambiente de negócios. A criação de empregos e uma economia forte não tem nada a ver com o fim dos direitos”, deixou claro Marcos.
Para ele, a estipulação do negociado sobre o legislado traz um risco para os trabalhadores. “A legislação é um parâmetro para as negociações. Extinguindo esse parâmetro, como os Sindicatos conseguirão fazer bons acordos?”, questiona .
Ele também criticou a terceirização como mais uma falácia do governo. “Quantos empregos a terceirização pode gerar? Nenhum. Por incrível que pareça a terceirização não é boa nem para patrão, pois a produtividade brasileira vai diminuir e muito com esse tipo de trabalho. Em nenhum canto do mundo onde a terceirização foi aprovada houve aumento de emprego. Ao contrário, países como a Rússia e a Espanha estão revogando as leis que permitem a terceirização por verem os prejuízos que vieram”, enfatizou, Marcos.
Sobre a reforma da Previdência, Marcos foi incisivo ao afirmar que a proposta implode a Previdência e, por consequência, decreta o fim da aposentadoria. “Querem acabar com a Previdência para sobrar dinheiro para bancos. O objetivo apenas é reduzir os gastos públicos para aumentar o superávit primário para pagar juros da dívida pública”, disse.
Marcos concluiu dizendo que todas as reformas são decisões políticas e que o movimento sindical, se quiser manter os direitos da classe trabalhadora, deve se organizar para rebater as mentiras do governo. “É preciso engrossar as manifestações, ir para a rua. O movimento sindical tem que estar preparado para enfrentar o debate. Por muito tempo, optamos por não debater os problemas do País. Ficamos focados em acordos e não em trabalhar a questão política. O que adianta o cara ganhar R$ 30 mil de PLR e depois votar em quem vai acabar com os direitos dele? Precisamos nos preparar ou corremos o risco de sermos atropelados!”, alertou.
Seminário Estadual de Planejamento para os Congressos da Força Sindical
Durante toda quarta-feira, 29, Sindicatos de todo o Paraná, filiados à Força, se reuniram em Matinhos, litoral do estado, para debater a resistência aos ataques que estão sendo perpetrados contra os trabalhadores e a preparação para os Congressos da Força Sindical, que acontecerão esse ano.
“Temos que estar preparados para enfrentar este momento de ataques aos direitos dos trabalhadores. Por isso, estamos nos reunindo para traçar as estratégias de luta para fazer o governo ver que a conta não será paga pelos trabalhadores”, diz o presidente da Força Paraná e do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka.