Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Em MG, demissões totalizam 6,7 mil; Volks e ArcelorMittal anunciam PDV

O agravamento da crise internacional preocupa metalúrgicos das regiões do Vale do Aço e do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, onde mineradoras e empresas de autopeças já demitiram, desde novembro, 6,7 mil trabalhadores, segundo sindicatos locais. A situação mais grave ocorre em Sete Lagoas, onde os cortes realizados nos últimos dois meses somam 3,6 mil, em uma base que antes era de 11 mil trabalhadores, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do município, Ernane Geraldo Dias. “Parece que passou um furacão por aqui, ninguém esperava tantas demissões”, afirmou.

O município, que possui 21 empresas e 21 fornos, representa 40% da produção de ferro-gusa do Estado. Segundo Dias, desse total, apenas quatro mineradoras estão operando. No setor de ferro-gusa, houve 3,2 mil demissões, sendo que o último corte, de 220 pessoas, foi feito nesta semana pelas Usisete e pela Sideúrgica Barão de Mauá. No segmento automotivo e de autopeças, afirmou Dias, houve 400 demissões, sendo 180 realizadas pela Iveco em outubro de 2007. Há preocupação de que a empresa efetue cortes na unidade, onde 1,5 mil metalúrgicos estão em férias coletivas até hoje. A empresa demitirá no mundo 1,2 mil pessoas.

Outra fonte de preocupação, segundo o assessor sindical da Metabase de Itabira Efraim Gomes de Moura, é com os 14 mil metalúrgicos que trabalham direta ou indiretamente para Vale, na região do Quadrilátero Ferrífero. Em Itabira, o número de demissões cresceu significativamente após a decisão da empresa de demitir 62 empregados no município e outros 392 que trabalhavam para a ferrovia Minas-Espírito Santo. Segundo o sindicato, 1,8 mil trabalhadores de empresas que prestavam serviços à Vale foram demitidos, reduzindo a base de metalúrgicos do município para 5,5 mil trabalhadores. Em Congonhas também houve desligamento de 1 mil trabalhadores que prestavam serviços à empresa, afirmou Moura. “Existe uma grande preocupação de que a empresa decida fazer cortes em unidades que atualmente estão em férias coletivas, como o caso da mina Cauê e a mina de Brucutu”, afirmou.

A Vale informou que se reunirá nos próximos dias com parte dos 24 sindicatos de categorias que contrata para definir alternativas à demissão. A empresa negocia com sindicatos de todo o país a suspensão temporária dos contratos de trabalho, mas não informou o número de empregados que seriam atingidos com a medida. A medida já foi adotada para 43 funcionários de uma unidade da Vale em Corumbá (MS). Em dezembro, a empresa dispensou 1,3 mil postos de trabalho. Hoje, 5.050 empregados estão em férias coletivas.

Em Ipatinga, os temporários sofrem os efeitos da crise. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do município, a Usiminas demitiu em torno de 300 trabalhadores terceirizados. A empresa, que gera 22 mil empregos no município, ainda discutirá se fará novos cortes.

No resto do país, a Volkswagen e a siderúrgica Arcelor Mittal Brasil anunciaram a adoção de um programa de desligamento voluntário (PDV). Na Volkswagen, o plano contempla até 250 trabalhadores; a Arcelor Mittal não divulgou meta. A Gerdau Riograndense informou que efetuará cortes.(CB)

Fonte: Valor Econômico