Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

PARA 2009, GOVERNO NÃO PLANEJA CONCEDER AUMENTO ACIMA DA INFLAÇÃO PARA QUEM RECEBE MAIS DO QUE UM SALÁRIO MÍNIMO

Nos últimos cinco anos, os cerca de 8,5 milhões de aposentados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que recebem mais de um salário mínimo (R$ 415) de benefício tiveram um ganho real -o reajuste acima da inflação do período- de apenas 1,5%.

Um aposentado que ganhava por mês o equivalente a dois salários mínimos em 2003 (R$ 480), por exemplo, hoje tem um benefício de R$ 607,80. Esse valor representa um aumento de apenas R$ 8,97 acima da inflação acumulada no mesmo período, de acordo com os cálculos feitos pelo professor Newton Conde, presidente da Conde Consultoria Atuarial.

“Nesse período, se o benefício previdenciário tivesse sido reajustado apenas pela inflação acumulada, o valor seria de R$ 598,83”, diz Conde.

Para 2009, os aposentados que recebem acima do piso deverão ter um reajuste de 6,22% no benefício, segundo a proposta de Orçamento apresentada pelo governo.

Com essa previsão, os benefícios terão só a reposição da inflação, medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE, sem nenhum ganho real no poder de compra dos aposentados.

“Não concordamos com essa política, que é muito prejudicial para os aposentados. Os reajustes anteriores foram bem pequenos. Para piorar, o governo sinaliza que, para o ano que vem, não vai ter ganho real. O aposentado não pode admitir isso”, reclama Warley Martins Gonçalves, presidente da Cobap (Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas).

A entidade defende que o mesmo índice de reajuste do salário mínimo seja usado para todos os aposentados.

Se um benefício que valia dois mínimos em 2003 tivesse os mesmos reajustes do piso nacional, hoje esse valor seria de R$ 830 -um aumento de 36,5% sobre o que é pago hoje (R$ 607,80) para quem ganhava, em 2003, R$ 480.

Atualmente, apenas quem recebe o piso previdenciário tem reajuste igual ao do salário mínimo. Para 2009, a previsão do governo é dar um reajuste de 11,98% para o mínimo, que deverá ir para R$ 464,72. O piso do INSS também deverá ser esse.

“Vamos pressionar o Congresso para aprovar o projeto de lei que dá o mesmo reajuste do mínimo para todos”, diz Gonçalves.

(Juca Guimarães)