Sobre a deforma trabalhista a ser votada amanhã (dia 11) no Senado e sobre seus efeitos nefastos para os trabalhadores recomendo duas táticas que se complementam.
A primeira delas é a manifestação forte das direções sindicais durante as discussões finais e as votações.
Devemos apoiar e valorizar os senadores e senadoras que se opõem a ela ou querem introduzir modificações no texto que veio da Câmara. Devemos argumentar convincentemente com os que têm dúvidas ou não percebem ainda a tragédia social que se avizinha com sua aprovação.
E devemos denunciar todos os outros que apoiam a deforma e obedecem passivamente aos deputados mostrando a eles (principalmente àqueles que disputarão os votos em 2018 para manter suas cadeiras) o descrédito e o desgosto que os atingirão entre os trabalhadores.
Esta presença forte servirá também para desmentir que foi feito, pela direção sindical, um acordo em que se troca dinheiro por direito, afrouxando a resistência para garantir as verbas sindicais.
Se tal acordo existe, ele se dá entre as lideranças políticas e nada garante seu cumprimento, já que os vetos e medidas provisórias prometidas terão que passar, de todo modo, pela Câmara.
A presença forte das direções sindicais também se faz necessária nesta reta final devido ao caráter simbólico adquirido pela votação da deforma trabalhista no desenrolar da crise institucional de governabilidade.
Com Temer ou com Maia, o mercado tem exigido a aprovação integral da deforma, sem modificações, porque assim ficaria garantido o rumo do eventual governo, contornando a crise e a Lava-Jato. Aos senadores e senadoras caberia o papel de obedecer “como cadáver”, mas não ao movimento, que está vivo.
A outra tática que recomendo diz respeito à nossa postura de resistência nas fábricas e nos demais ambientes de trabalho e, em geral, nas relações entre os sindicatos e o patronato.
Em cada empresa devemos erguer, junto com os trabalhadores, um muro de contenção aos procedimentos da nova lei, que já anda excitando os RHs e os gerentes para sua aplicação imediata nas negociações trabalhistas.
No mundo do trabalho, a orientação deve ser a de que a deforma trabalhista não passará; cada um de seus itens deve ser alvo de contestação e desobediência, amparadas pelo direito e pela Justiça.
Estas duas táticas, na cúpula e na base, se completam como os braços e as pernas da ação sindical e se equilibram, garantindo para o movimento sua relevância perante os trabalhadores e a sociedade.
João Guilherme, consultor sindical