Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Economia

Dragão da inflação, desemprego e juros altos invade a Paulista

Força Sindical leva dragão de três cabeças para a Paulista e, junto com outras centrais e sindicatos, cobra a redução na taxa de juros

Com um dragão de três cabeças e 13 metros de altura, a Força Sindical e outras centrais e sindicatos, realizaram, ontem, 20 de outubro, uma manifestação em frente ao prédio do Banco Central na Avenida Paulista, na região central de São Paulo. O boneco inflável, segundo a Força, representa os juros altos, a inflação acima da meta e o desemprego em alta.

A data e o local da manifestação foram escolhidos porque começou ontem a reunião do Copom (Comitê de Política Econômica) do Banco Central que vai definir a nova taxa de juros. A tendência é de manter a Selic em 14,25% ao ano, após sete altas seguidas e a marca negativa da maior taxa em nove anos. 

“Se antes o dragão só tinha uma cabeça, representando a inflação, agora na vida real a situação piorou, com os juros altos sufocando a indústria e matando os empregos” , disse o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, que comandou o ato. “O dragão de três cabeças foi a maneira que encontramos para explicar essa situação de modo a que todos a compreendam”, afirmou.

Também presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, que sofre com as demissões no setor, Miguel Torres diz que é impossível retomar o crescimento econômico com juros nas alturas.  Com a economia parada, o comércio para e, por consequência, a indústria continua dispensando trabalhadores, num ciclo que se arrasta há pelo menos um ano. “Estamos enfrentando o maior índice de desemprego dos últimos anos. Ou tomamos providencia ou ficaremos em uma situação sem saída”, disse o sindicalista. “Uma taxa Selic de 14,25% inviabiliza a indústria nacional e os setores do comércio e de serviços. Se aumentar a taxa ou mantiver neste patamar alto, haverá aumento de desemprego neste ano”.

Além da Força, participaram do ato a CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), UGT (União Geral dos Trabalhadores) e Nova Central.

Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira, presidente da CGTB lembrou que apenas oito meses, o governo Dilma Rousseff obrigou o setor público a gastar R$ 338 bilhões com juros. “É muito mais o que foi gasto em todo o ano passado, quando foram torrados com juros R$ 311 bilhões. em vez de estancar essa sangria, cortou direitos trabalhistas, previdenciários e estimula o desemprego e a remessa de lucros promovidos pelas multinacionais. Em 12 meses, mais de um milhão de trabalhadores com carteira assinada foram desempregados. Até o final do ano, mais de 2 milhões de trabalhadores formais e informais perderão seus empregos”, criticou.

Diretor do Sindicato dos Comerciários de São Paulo,  Josimar Andrade de Assis, lembra ainda que a equipe econômica do governo defende a criação de impostos, como a CPMF, por exemplo. “No Brasil, os juros praticados já são os maiores do mundo, assim como é altíssima nossas cargas tributárias, mas o governo pensa em aumentar mais e recriar impostos como a CPMF, o que é um absurdo”.

João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, também vai na mesma linha de crítica e diz que já é hora de o governo escutar os apelos do setor produtivo.   “Os juros altos provocam a redução no crédito, as empresas não deixam de investir e acaba havendo mais demissões”, repetiu.