Pedro Benites, diretor da CNTM foto de Daniel Cardoso
No início deste mês, o companheiro Pedro Alves Benites, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos – CNTM e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Suzano, foi ao México levar o apoio e a solidariedade dos metalúrgicos brasileiros aos diretores e trabalhadores mineiros do México. Confira, na seguinte entrevista, a opinião do companheiro sobre os recentes fatos ocorridos na região, a partir dos dados fornecidos pelos advogados que estão defendendo o Sindicato e seus diretores.
O que está acontecendo com o Sindicato Nacional dos Mineiros, Metalúrgicos, Siderúrgicos e Similares do México?
Pedro Alves Benites – Em 2001, assumiu o comando do Sindicato, pela decisão livre, democrática e unânime dos trabalhadores, o companheiro Napoleón Gómez Urritia. Em 2006, o governo do então presidente Vicente Fox Quesada (2000-2006) tentou destruir o Sindicato a pedido do empresário Germám Feliciano Larrea Mota Velasco, dono do Grupo México, que ajudou Fox a se eleger com grande participação econômica em sua campanha. Em 17 de fevereiro de 2006, com a ajuda da Secretaria do Trabalho Mexicano, e utilizando-se de falsas assinaturas, foi reconhecido Elias Morales como novo líder do Sindicato, destruindo Napoleón. No mesmo dia, assaltaram os escritórios do Sindicato, roubando documentos e bens pessoais dos dirigentes.
Ocorreu também uma explosão de uma mina. Qual foi a repercussão disto?
Pedro Alves Benites – No dia 19 de fevereiro de 2006, explodiu a mina de carbono de Pasta de Conchos, Coahuita, que foi classificada pelo líder sindical Napoleón como “homicídio industrial”, pelas péssimas e criminosas condições de segurança e falta de prestação de ajuda e solidariedade aos trabalhadores. Nesta explosão, morreram 65 mineiros e, destes, 63 ainda permanecem enterrados, sem interesse do Grupo México ou do governo em desenterrar estes trabalhadores. Vale lembrar que neste ano já se completaram três anos do ocorrido.
E a perseguição continuou.
Pedro Alves Benites – Exatamente! Tentaram sequestrar e exercer violência contra Napoleón e sua família, obrigando o companheiro a se exilar no Canadá, onde permanece até hoje dirigindo o Sindicato à distância. A partir de abril de 2006, começaram as greves de 48 horas em defesa da autonomia sindical. No dia 20 de abril, do mesmo ano, as Forças Armadas Federais e locais reprimiram os grevistas com uma enorme força, com a morte de trabalhadores por armas de fogo, com mais de 150 feridos e dezenas de detidos. Mesmo assim, os valentes trabalhadores continuaram sua luta e as Forças Armadas acabaram se retirando. O movimento grevista continuou durante 5 meses, sendo resolvida a questão por via conciliatória.
Ocorreram, inclusive, falsas acusações.
Pedro Alves Benites – A acusação de suposto desvio de fundos do Sindicato seguiu pela emissão de 3 ordens ilegais de apreensão contra Napoleón e outros 3 membros da diretoria. Desde 2006, planejam o encerramento do Sindicato e a derrubada de seu líder, com acusações falsas e diversos tipos de ações na Justiça. Vale destacar que Elias Morales, que foi reconhecido pela Secretaria do Trabalho como novo líder, havia sido expulso do Sindicato em maio de 2000 por processos comprovados de corrupção, traição e espionagem em favor das empresas. Já neste anos de 2009, a Procuradoria da Justiça do Distrito Federal determinou que não existe nenhum delito nos fundos do Sindicato, e que as ordens de apreensão contra Napoleón e outros dirigentes foram canceladas, sendo que estas auditorias e resoluções judiciais foram totalmente ignoradas pelo governo e pelo Grupo México. No mês de novembro de 2008, por exemplo, o governo confiscou ilegalmente, e sem notificação prévia, todo o dinheiro das contas do Sindicato, com o objetivo de asfixiar economicamente a luta e impedir o auxílio aos trabalhadores em greve há 2 anos nas cidades de Cananea, Sombrerete e Taxco. Depois de confiscado este dinheiro, a FITIM passou a ajudar o Sindicato e os trabalhadores em greve.
DELEGAÇÃO INTERNACIONAL SOLIDÁRIA COM O SINDICATO
Divulgação
Pedro Alves Benites, como representante CNTM-FS, levou o apoio e a solidariedade dos metalúrgicos brasileiros aos diretores e trabalhadores mineiros do México.
No último dia 9 de julho, reuniu-se com os dirigentes sindicais mexicanos e seus advogados, que relataram toda a história de luta e os acontecimentos jurídicos de todos os processos contra os trabalhadores e contra a autonomia sindical. Depois, todos os representantes dos países presentes (Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, Alemanha, Itália, Noruega, Peru, Polônia, África do Sul, Espanha, Suécia, Suíça e Estados Unidos) foram até suas embaixadas.
Na embaixada brasileira, Pedro Alves Benites retransmitiu os relatos ao embaixador Sérgio Abreu e Lima Florêncio e pediu ajuda para informar ao governo brasileiro o que estava ocorrendo.
“Expliquei que a situação vivida no México poderia perfeitamente ser comparada ao que aconteceu no Brasil nos anos 1960, tendo como única diferença o fato de que os nossos sindicatos foram perseguidos por intermédio de um golpe militar e que, no México, há um governo democrático eleito pelos trabalhadores. O embaixador me disse que tinha algumas informações apenas pelos jornais, mas completamente distorcidas com relação ao que lhe relatei. Também pude explicar que os principais jornais tinham como um dos proprietários os donos do Grupo México, que pretendiam acabar com o Sindicato. Se a diretoria do Sindicato não tivesse dado apoio incondicional a Napoleón, e os trabalhadores não estivessem ao seu lado, certamente ele não estaria comandando o Sindicato do exílio. Após conversarmos por mais de 30 minutos, o embaixador afirmou que iria entrar em contato com o Itamarati e pedir o apoio do governo brasileiro para mediar o conflito”, informa Pedro.
No dia seguinte, 10 de julho, o dirigente da CNTM e demais membros da delegação internacional se reuniram com um dirigente sindical do Canadá e com o parlamentar canadense Jack Laytor, que mencionaram que farão o possível para que Napoleón Gomes Urritia não seja extraditado daquele país para o México, enquanto não houver a garantia de que o líder sindical mexicano não será preso nem perseguido.
Pedro Benites informa também que a delegação foi até o Reclusório Prision Norte para uma visita solidária a Juan Linares Mantufer, preso político e inafiançável até o julgamento, de acordo com as leis mexicanas.
Texto e entrevista editados por Val Gomes
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