Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Movimento Sindical

Dilma pediu sugestões a centrais sindicais para plebiscito, diz ministro

G1
Fabiano Costa, em Brasília

Audiência com sindicalistas no Palácio do Planalto durou uma hora e meia.

Ao final do encontro, presidente da Força Sindical disse ‘lamentar’ a reunião.

Em mais uma rodada de conversas com representantes da sociedade civil, a presidente Dilma Rousseff se reuniu nesta quarta-feira (26) com dirigentes de oito centrais sindicais, entre elas a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical, para ouvir a opinião dos sindicalistas sobre a onda de manifestações que tomou conta das cidades brasileiras e sugestões para o plebiscito da reforma política. A audiência com os dirigentes sindicais no Palácio do Planalto foi acompanhada pelos ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Manoel Dias (Trabalho).

No encontro, relatou Manoel Dias, Dilma pediu que as entidades sindicais formulem e encaminhem ao governo, até a próxima terça-feira (2), propostas que possam ser incluídas no rol de sugestões que ela irá enviar ao Congresso Nacional sobre o plebiscito da reforma política.

A reunião com os sindicalistas durou uma hora e 34 minutos. Segundo relatos dos integrantes das centrais, ao abrir o encontro a presidente fez uma exposição sobre o momento político do país e detalhou sua proposta de cinco pactos nacionais por responsabilidade fiscal, reforma política, saúde, transporte e educação.

Ao final da fala de Dilma, cada uma das oito centrais sindicais teve a oportunidade de expor sua visão sobre a situação política do país e apresentar sua pauta de prioridades. Em meio às manifestações dos sindicalistas, informou a assessoria do governo federal, a presidente fez intervenções para comentar as declarações.

Depois de escutar todos os dirigentes dos sindicatos, a presidente informou que tinha outro compromisso e se retirou da sala de reuniões. De acordo com a assessoria do Planalto, a Dilma já tinha avisado em outros momentos da reunião que precisaria ir para outro compromisso. A iniciativa de Dilma irritou o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP). O parlamentar paulista disse depois da reunião que lamentava a audiência.

“Nós colocamos a nossa pauta e, no final, a presidente levantou e foi embora. Para mim, foi uma reunião que nós viemos mais para ouvir os planos mirabolantes da presidente Dilma do que uma solução para os trabalhadores. Saímos daqui como sempre saímos. Em todas as reuniões que tivemos com o governo até hoje, nada foi resolvido. E hoje foi pior ainda. Simplesmente, nem encaminhamento da nossa pauta foi dado. Quero aqui lamentar essa reunião com a presidente”, queixou-se Paulinho.

Indagado sobre as críticas do dirigente da Força Sindical, o ministro do Trabalho enfatizou que a presidente ouviu todos os sindicalistas e pediu para que eles elaborassem propostas para o plebiscito da reforma política.

“Ela [Dilma] falou, os presidentes das centrais falaram, colocaram suas preocupações, apresentaram suas reivindicações e a presidente, com o apoio que eles deram ao plebiscito, pediu que cada uma das centrais formulasse propostas a fim de que as sugestões que ela enviará ao Congresso contemplem as opiniões das centrais sindicais”, ressaltou Manoel Dias.

A versão de Paulinho também foi contestada pelo presidente da CUT, Vagner Freitas. Freitas acusou o presidente da Força Sindical de ter feito um relato “absolutamente” distorcido sobre a reunião. De acordo com Freitas, a audiência não foi convocada para tratar sobre as reivindicações das centrais, e sim para debater sobre as manifestações que se espalharam pelo país.

“Essa reunião não foi chamada para discutir a pauta dos trabalhadores, que é discutida na mesa específica de negociações. Essa reunião foi chamada para fazer uma discussão sobre as manifestações e o atual governo político do Brasil”, destacou.

O dirigente sindical disse que a CUT manifestou apoio à presidente em torno da proposta de plebiscito para promover uma reforma política. “A voz rouca que vem das ruas está dizendo que a população quer participar. Para isso, tem de ter plebiscito e reforma política. Nos colocamos apoiando esse momento”, complementou.