Maria Domingues
SÃO PAULO – A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou ontem que não haverá mais ajuda do governo federal a setores que não se comprometam com a manutenção do nível de emprego, e criticou setores industriais que, segundo ela, “erraram a mão” diante do cenário de crise econômica mundial. Ela participou ontem de evento na sede da Força Sindical, em São Paulo, onde ministrou palestra sobre o Plano de Aceleração de Crescimento (PAC) e a geração de empregos.
Dilma citou como exemplo a indústria automobilística. “A indústria foi na frente e cortou demanda. Aliás, supôs que tinha uma demanda cortada e cortou a oferta. E o varejo não estava cortando essa demanda. Isso que eu estou falando que a gente enche o balde e [a indústria] esvazia o balde, o governo tomou várias atitudes no sentido de não permitir isso mais”, afirmou.
Segundo Dilma, a crise não deve ser subestimada e o momento é de perigo, mas é também de oportunidade. A ministra defende que o cenário é propício para redução dos custos de capital – líderes sindicais fizeram repetidos apelos pela redução dos juros e do spread bancário – e para manutenção de investimentos, especialmente na exploração da camada do pré-sal e em refinarias de petróleo.
Anfitrião do encontro, o deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, afirmou que as centrais sindicais continuarão fazendo manifestações até que o Banco Central resolva reduzir a taxa básica de juros (Selic) e prometeu que vai “enquadrar” o presidente da instituição, Henrique Meirelles. “Vamos fazer tanta confusão, que vamos acabar derrubando ele”, disse.
Ação no STF
Em entrevista coletiva, a ministra comentou a decisão do DEM e do PSDB, que entraram com uma representação contra ela junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alegando que houve antecipação de campanha e promoção pessoal durante o encontro dos prefeitos, realizado nos dias 10 e 11 em Brasília.
De acordo com Dilma, a atitude da oposição também tem caráter eleitoreiro. “Eu acho que tem esse intuito [antecipar a campanha eleitoral] e tem sobretudo o intuito de interditar o governo”, disse Dilma. “É estranho que essa tentativa sempre ocorra quando as políticas do governo estão sendo implantadas e políticas que beneficiam o Brasil. Eu não acredito que é possível, num momento de crise, alguém ser contra iniciativas que são para combater a crise. Estamos no mesmo barco”.