“Registramos no dia 17 de outubro, o Dia Internacional do Combate à Pobreza, para destacar alguns avanços que conseguimos no Brasil e também para lembrar que ainda existem 16 milhões de brasileiros, o equivalente à população inteirinha do Estado do Rio de Janeiro, vegetando com até R$ 70,00 por mês.
O que dá R$ 2,33 por dia e é considerado pelo Ministério do Desenvolvimento Social como pobreza extrema.
Quem vegeta nesta miséria (e são milhões de brasileiros iguais a nós) não tem cabeça sequer para pensar em melhorar de vida, ou em colocar os filhos na escola ou tem ânimo e condições de buscar melhores condições de vida.
Esses cidadãos brasileiros, nossos irmãos e irmãs, precisam de toda a atenção do Estado brasileiro, que já tem feito bastante através do Bolsa Família e da política de aumentos reais do salario mínimo. Mas precisam também do nosso empenho enquanto cidadãos economicamente ativos, que temos em mãos o poder do nosso voto através do nosso título eleitoral.
A data é relembrada anualmente, porque a miséria tem se alastrado pelo planeta e é necessária a mobilização para sensibilizar a humanidade contra a fome, a violência e a miséria.
Em mensagem sobre esta data em 2010, Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, afirma que a crise econômica internacional lançou na pobreza cerca de 64 milhões de pessoas e o número de desempregados aumentou em mais de 30 milhões desde 2007. Ele alerta ainda que somente o acesso à educação, saúde e trabalho são capazes de reverter este quadro.
A pobreza extrema, que faz vítimas 16 milhões de brasileiros foi construída ao longo dos últimos 511 anos, desde o descobrimento do Brasil. E tem nome e sobrenome: concentração de renda.
A renda controlada pelas pessoas que são o 1% mais rico da população é praticamente igual à dos 50% mais pobres, segundo o Radar Social, pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em junho de 2005. Os números são ainda piores quando se considera, além da renda, o patrimônio acumulado – imóveis, indústrias e empresas, bens de consumo e investimentos financeiros.
De acordo com o Atlas de Exclusão Social, estudo anual de pesquisadores paulistas, constatou-se que 10% da população detém 75,6% da riqueza nacional. Sobram 24,6% dos bens e do dinheiro para ser divididos entre 165 milhões de brasileiros.
Só acabaremos com a pobreza, a miséria e a fome com mais distribuição de renda através de empregos e salários dignos. Por isso, estamos mobilizados em torno do nosso Sindicato para fechar uma negociação decente, com aumento real de salário, na atual campanha salarial.
Só atacaremos a concentração de renda com a redução das atuais taxas de juros. Por isso, que na terça-feira, dia 18, estamos todos mobilizados, juntos com a Força Sindical para pressionar o Banco Central a reduzir ainda mais a Taxa Selic, na reunião que o Comitê de Política Econômica terá na próxima quarta-feira.
Acompanhe nosso raciocínio: com juros baixos, teremos mais investimentos na produção, que vai gerar mais empregos e salários decentes. Que se transformarão em consumo e aquecimento do nosso mercado interno.
E, com muito esforço, vamos arrancar milhões de brasileiros, nossos irmãos, da areia movediça da miséria e da pobreza”.
Por Cícero Martinha
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá
Jéssica Marques
Assessoria de Imprensa
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