Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Artigo

Dia das mulheres

João Guilherme Vargas Netto – consultor de entidades sindicais de trabalhadores

 

No dia 8 de março de 1975, um sábado, o deputado Alberto Goldman, do MDB e comunista, leu na Assembleia Legislativa a Carta de São Paulo com escassa difusão devido à censura da ditadura.

A revista Visão, no entanto, registrou a “Carta contra a apatia” como matéria de informação.

A Carta – O povo e seus problemas – havia sido elaborada durante quase todo ano anterior em uma iniciativa da militância do PCB (submetido a forte e assassina repressão), que articulou sindicatos de trabalhadores, entidades estudantis, associações e institutos profissionais, representações de moradores e da Igreja Católica, combinando o trabalho político legal e o clandestino.

Ela procurava oferecer ao futuro prefeito de São Paulo (que seria indicado e não eleito) uma pauta das sentidas reivindicações dos paulistanos.

A Emplasa, agora desmantelada, publicou posteriormente em folheto o texto da Carta, difícil, até hoje, de ser conhecida.

Foi, ao que eu saiba, a primeira vez no Brasil que uma manifestação política escolheu a efeméride feminina para sua efetivação; a ONU, em 1975, consagraria o 8 de março como Dia Internacional das Mulheres.

Daí para a frente, na luta pela democratização com a exigência da anistia e o reforço do movimento feminista, o 8 de março passou a ser um marco nas atividades progressistas.

Neste ano de 2025 (50 após a Carta ser divulgada) várias manifestações comemoraram a data, mas quero registrar a maior delas, uma iniciativa do sindicato dos metalúrgicos de Curitiba e da prefeitura de Araucária (no Paraná) que reuniu centenas de mulheres em passeata pela cidade, cujas fotos registram a pujança.