Volto a bater na mesma tecla. A tecla da importância estratégica da indústria para a Nação. Volto a insistir que o Brasil está destruindo sua indústria e que esse erro, além de já custar caro ao País, vai comprometer nosso futuro.
A cada ano, nosso peso industrial cai em relação ao PIB. Só no primeiro trimestre de 2017, a produção da indústria baixou 0,8%. Comparada ao que o setor gerava em 2013, a produção teve queda de 16%.
O Brasil maltrata a indústria de três formas: 1) Pela falta de política efetiva para o setor; 2) Pelos juros altos e escassez do crédito; 3) Pela operação Lava-Jato, que, em vez de punir empresário que praticou ato ilícito, pune a empresa e castiga cadeias produtivas inteiras.
Uma indústria não é só uma planta que fabrica bens e os coloca no mercado. Uma fábrica é uma célula que produz, gera emprego, propicia empregos de mais qualidade, paga salário acima da média, utiliza tecnologia e propicia, com suas demandas, avanço tecnológico.
Ao dizer tudo isso, registro que li com satisfação o artigo “A era da destruição”, que o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch publicou na Folha na terça (4). Ele abre seu artigo: “Não é normal um movimento de autodestruição tão grande quanto o que está em curso no Brasil”.
O empresário, que é vice na Fiesp, lembra que a Volkswagen foi flagrada ao fraudar índices de poluição de seus carros. Só nos Estados Unidos, a empresa pagou multa de US$ 4 bilhões. Mas em nenhum momento teve de interromper a produção e já retomou a liderança do setor ao superar a Toyota.
Já as nossas grandes empreiteiras, devido ao envolvimento na operação Lava-Jato, perderam mercado internacional, reduziram drasticamente a produção interna, se viram proibidas de participar de obras públicas e demitiram em massa.
A indústria naval também vive grave crise, devido aos problemas na Petrobras, sua principal cliente. Outro segmento em situação dramática é o de óleo e gás, que se desintegra e acaba dominado por grandes empresas estrangeiras. O emprego no setor é afetado duramente. Segundo a Federação nacional da categoria, a crise eliminará seis mil engenheiros, tirando do mercado profissionais experientes, com saber técnico e domínio de tecnologias avançadas no setor produtivo.
Ataques – Não bastasse tudo isso, o governo tenta desconstruir nossa rede de proteção social e trabalhista, com as reformas da Previdência, a trabalhista e o PL da terceirização irrestrita. O sindicalismo reage e marca paralisação geral para o dia 28. Vamos defender nossos direitos, mas também queremos evitar que o Brasil se desintegre.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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