Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Desemprego tem menor índice do ano



Em setembro, 7,7% da população economicamente estava desempregada; em agosto, fatia era de 8,1%

Jacqueline Farid e Francisco Carlos de Assis, RIO

O desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do País caiu para 7,7% da População Economicamente Ativa (PEA) em setembro, ante 8,1% em agosto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A renda média dos trabalhadores também melhorou no período.

Ainda assim, para o gerente da pesquisa do IBGE, Cimar Azeredo, ainda não é possível falar em plena recuperação do mercado de trabalho após a crise. Economistas, entretanto, avaliam que o desempenho foi favorável.

Azeredo argumenta que a melhora do emprego em setembro decorre de um esperado movimento sazonal. De acordo com ele, é positivo que o mercado esteja respondendo às características desse período do ano, durante o qual normalmente a taxa cai em relação ao mês anterior. Para que houvesse recuperação de fato, a taxa deveria ser inferior à de setembro de 2008, também de 7,7%.

“Para haver recuperação, o recuo na taxa e o aumento no número de ocupados teriam de ser mais expressivos”, disse. “A queda na taxa ante o mês anterior é um fato positivo, mas evitamos falar em recuperação porque os dados de formalidade não são muito favoráveis e o número de ocupados e a própria taxa de desemprego mostram um ritmo de reação aquém do que vinha sendo registrado em 2008.”

Em relatório distribuído ontem, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) avaliou que os dados “mostram que o mercado de trabalho brasileiro entrou, neste terceiro trimestre do ano, em uma trajetória de recuperação consistente”.

Os técnicos do Iedi reconhecem que o resultado não surpreende, pois se deve a um padrão sazonal, mas ressaltam: “É um resultado que merece ser comemorado, já que o mercado de trabalho, pode-se dizer, voltou ao seu padrão usual”.

Azeredo observou que, na média de janeiro a setembro de 2009, o número de ocupados aumentou 0,8% ante igual período de 2008, alta bem inferior ao resultado de 3,5% apurado na média de janeiro a setembro do ano passado ante igual período do ano anterior. A taxa de desemprego, na média de janeiro a setembro, está em 8,4%, abaixo dos 8,1% apurado em igual período do ano passado.

FORMALIDADE E RENDA

Além disso, segundo Azeredo, a pesquisa traz uma revelação preocupante: a queda de 0,3% no número de empregos com carteira assinada e o aumento de 2% no emprego informal, em setembro ante agosto.

Segundo ele, essas variações são avaliadas, estatisticamente, como estabilidade pelo IBGE, mas confirmam uma redução no ritmo de aumento da formalização do trabalho em relação aos acelerados avanços no ano passado. “A qualidade do emprego começa a se mostrar afetada”, disse.

O economista do Itaú Unibanco Asset Management Juliano Cecílio Sucupira e a economista-chefe do ING Bank, Zeina Latif, destacam o saldo favorável. “As pessoas estão encontrando emprego e os dados mostram isso”, diz Sucupira. Segundo ele, o mercado de trabalho é um dos segmentos da economia que melhor traduz a boa performance do Brasil diante da crise. 

Zeina concorda com a avaliação do gerente do IBGE de que setembro é mesmo um mês fortemente marcado pela sazonalidade no mercado de trabalho, mas argumenta que as empresas estão contratando, mostrando que a tendência é de crescimento do emprego. “O que não se deve fazer é pegar apenas o mês de setembro como indicador de tendências.”

Para Cimar Azeredo, a melhor notícia trazida pela pesquisa é a continuidade no aumento do poder de compra dos trabalhadores, já que a renda média real aumentou, em setembro, 0,6% ante agosto e 1,9% ante igual mês do ano passado, refletindo sobretudo a baixa inflação.

Na média de janeiro a setembro, a renda média real teve aumento de 3,6% ante igual período do ano passado, resultado superior à variação de 3,2% na renda apurada de janeiro a setembro do ano passado, ante igual período do ano anterior.

Segundo Azeredo, essa aceleração no aumento do rendimento real do trabalhador foi impulsionada especialmente pelo aumento do salário mínimo e o nível mais baixo da inflação.