Renda ficou estável em R$ 1.321, segundo o IBGE
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A taxa de desemprego das seis principais regiões metropolitanas do país subiu para 8,5% em fevereiro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em janeiro, a taxa havia sido de 8,2%. No mês passado, houve um acréscimo de 51 mil pessoas no contingente de desocupados, que chega a 1,9 milhão.
O rendimento ficou praticamente estável no conjunto dos locais pesquisados (São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre), com variação negativa de 0,1% e valor de R$ 1.321,30.
Segundo Cimar Pereira, do IBGE, o comportamento do mercado de trabalho no mês passado apresentou sinais contraditórios: as comparações com fevereiro do ano passado mostram que o rendimento ainda é 4,6% superior ao daquele período. Apesar disso, a análise dos dados em relação a janeiro mostra piora na formalização e no total de ocupados na indústria.
Analistas ouvidos pela Folha, no entanto, avaliam que os indicadores evidenciam uma piora no mercado de trabalho. Na comparação com janeiro, o número de ocupados na indústria caiu 3,2%.
O número de trabalhadores com carteira de trabalho assinada recuou 1,1%, o equivalente a 109 mil pessoas a menos no mercado. E mesmo o nível de ocupação, que representa a proporção de pessoas ocupadas na população com dez anos ou mais, passou de 52,1% para 51,6%, um recuo recorde para o período. “Isso mostra que o mercado de trabalho não está absorvendo, não está gerando postos suficientes com um cenário econômico não favorável”, afirma Pereira.
Rendimento menor em SP
A análise dos dados por região metropolitana mostra que o rendimento em São Paulo caiu 1,6% na passagem de janeiro para fevereiro. O resultado representa a pior queda para o mês de fevereiro desde 2003. Segundo o IBGE, o indicador foi afetado por dois segmentos: indústria e outros serviços (hotéis e restaurantes).
Na indústria paulista, o rendimento de fevereiro foi 10% inferior ao de janeiro. Em fevereiro do ano passado, o trabalhador da indústria paulista recebia em média R$ 1.525,29. No mês passado, esse valor havia recuado para R$ 1.313,31.
“Esse movimento pode estar associado às negociações entre trabalhadores e empresas que levaram à redução da jornada de trabalho e, consequentemente, de salário”, diz Ariadne Vitoriano, analista da consultoria Tendências. Em fevereiro, a indústria de São Paulo cortou 26 mil postos de trabalho, uma queda de 1,4%. Em Porto Alegre, o corte de vagas na indústria foi de 6,3% no mês passado.
Outro segmento que contribuiu para o rendimento menor em São Paulo foi o de outros serviços, com recuo de 4,6% na renda dos trabalhadores.