Fabrício de Castro, Luciele Veluto e Paulo Darcie
As principais sindicais do País reuniram cerca de 1,3 milhão de pessoas em três grandes festas em São Paulo, em comemoração ao 1º de Maio. Na maior delas, no Campo de Bagatelle, zona norte da capital, a Força Sindical atraiu 1 milhão de pessoas durante o dia. No ato, os sindicalistas voltaram a defender a manutenção do emprego e a ampliação do seguro-desemprego para categorias diretamente atingidas pela crise. Segundo o governo, a questão será definida até o dia 15.
O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, esteve pela manhã no Campo de Bagatelle e disse que a ampliação será discutida com as centrais. “Vou esperar um estudo que está sendo feito pelo ministério. Até meados do mês de maio a questão será definida.”
Em março, o governo anunciou o pagamento de duas parcelas extras do seguro-desemprego para algumas categorias de trabalhadores demitidos em dezembro – no entanto, foram beneficiados apenas 103,7 mil pessoas. Na visão dos sindicatos, foram excluídos Estados e setores importantes, como os que atuam nas indústrias de carne, aço, calçados e máquinas agrícolas.
“Achamos que o levantamento foi mal feito”, disse ontem o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho. “Dez Estados ficaram de fora. O Pará, por exemplo, teve muitas demissões e ficou de fora.” Paulinho lembrou que, no dia 15, o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) – responsável pelos recursos do seguro-desemprego – vai se reunir. “Antes disso, o governo vai bater os dados com as centrais para ampliar o seguro-desemprego”, disse.
A comemoração também abordou o efeito da crise nos reajustes salariais. Para os dirigentes sindicais, este ano será marcado por negociações difíceis. “Mas não vamos deixar que a crise nos retire direitos”, disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores em São Paulo (CUT-SP), Sebastião Cardozo.
FGTS
O ministro esteve também no 1º de Maio Unificado promovido pelas centrais UGT, CTB e NCST e reforçou que está em estudo pela equipe técnica do Ministério a ampliação do porcentual do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que o trabalhador poderá aplicar no Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS). Ele acredita que a mudança, que depende de aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vai dobrar o limite de 10%. “Deve ficar em torno de 20%. Seria muito bom para o trabalhador poder aplicar mais em um investimento melhor que a TR mais 3% do FGTS”, disse.
Lupi acredita que os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) em abril já trarão aumento de postos de trabalho. “O Caged demonstra que o cenário da crise está virando.”