Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Desemprego na AL já é ameaça social

Agências internacionais

A economia da América Latina converteu-se em uma máquina trituradora de empregos depois das quedas na produção e consumo iniciadas no fim de 2008, deixando transparecer a cara mais dramática da crise mundial: milhões sem dinheiro e trabalho.

No Brasil e México, maiores economias da região, centenas de milhares de trabalhadores foram vítimas de demissões em massa de empresas afetadas pela crise mundial após cinco anos de bonança econômica.

O México perderá entre 250 mil e 300 mil empregos neste ano, de acordo com dados oficiais, embora a Universidade Nacional Autônoma do México (Unam) estime que o número possa chegar a 500 mil.

O índice de desemprego mexicano aumentou para 5% em janeiro, maior patamar em mais de 12 anos. A economia do país contraiu-se 1,6% no quarto trimestre, primeiro tropeço em cinco anos e os analistas preveem que a recessão se prolongará até o segundo trimestre.

A queda na atividade econômica, originada pela recessão nos EUA, levou empresas a anunciar demissões em massa e paralisações da produção, especialmente no setor industrial.

A filial mexicana da Volkswagen demitiu 400 trabalhadores temporários, enquanto a General Motors cortará 600 postos de trabalho neste mês, em sua fábrica no norte do país. A Nissan poderia despedir 6 mil trabalhadores em sua fábrica em Aguascalientes, na região central do país.

“Inevitavelmente, teremos um maior nível de desemprego”, disse Miguel Messmacher, principal economista da Secretaria de Fazenda do México. “Muitas pessoas perderão seus trabalhos”, disse.

A previsão do funcionário já é uma ferida aberta para Iván Sánchez, de 45 anos, que, dispensado, perdeu o salário de 53 mil pesos mexicanos (cerca de US$ 3,5 mil), com o qual pagava a hipoteca de sua casa, de 2 mil pesos, e despesas escolares de 4 mil pesos.

O ex-trabalhador de escritório solicitou o seguro-desemprego outorgado pelo governo do Distrito Federal mexicano. “São apenas 2 mil pesos, concedidos uma única vez; por favor, isso é uma piada”, comentou a um jornal local.

A situação não é muito diferente em economias menores, como a do Equador, onde de acordo com as cifras oficiais de dezembro, o desemprego estava em 7,3%; o subemprego, em 48,8%; e o índice de ocupação, em 43%.

No norte de Quito, em uma das avenidas que cruzam a capital equatoriana, dezenas de desempregados se reúnem em busca de trabalhos relacionados à construção, basicamente como pedreiros, carpinteiros ou “o que vier”.

“Sou pintor, mas também faço construção ou o que vier”, diz Marco Toctaquiza, 30 anos. “Esta semana só trabalhei um dia. Está duro”, acrescenta, enquanto espera que alguém se aproxime para oferecer-lhe algum trabalho.

No Peru, a mineração, um dos principais motores da economia, perdeu 6 mil empregos desde dezembro, por influência da crise financeira mundial, de acordo com dados oficiais.

Na Argentina, o governo pressiona as empresas a não dispensar trabalhadores, apesar do declínio na demanda. Segundo especialistas, o governo também manipula as estatísticas para ocultar o aumento no desemprego, assim como ocorre, de acordo com consenso dos analistas, com os dados da inflação (leia texto ao lado).

A ínfima economia paraguaia não escapa das consequências do mau momento da economia global. O Ministério da Justiça e Trabalho do país divulgou que cerca de 1 mil operários foram afetados por suspensões de contratos. Os setores mais afetados foram o frigorífico, abalado pela queda das exportações, e o têxtil e de couro.

Na Colômbia, o desemprego subiu para 14,2% em janeiro, em comparação ao índice de 13,1% registrado no mesmo período de 2008, o que representou um aumento de 308 mil pessoas sem trabalho, dentro de um universo de 2,83 milhões de colombianos desempregados.