DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
Uma das áreas mais afetadas pela crise, a indústria registrou queda no nível de emprego pelo segundo mês consecutivo, segundo dados da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Entre novembro e dezembro, o número de pessoas empregadas no setor recuou 0,5%, já descontada a influência de fatores sazonais.
Desde setembro de 2005 a pesquisa da CNI não apontava queda nesse indicador por dois meses seguidos. O número de horas trabalhadas, que costuma variar de acordo com o nível da produção, caiu 8% em dezembro, fazendo com que o resultado acumulado ao longo de 2008 recuasse 6,8%.
Já a massa salarial -total de salários pagos aos funcionários do setor- caiu 0,2% entre dezembro de 2008 e o mesmo mês de 2007, já descontada a inflação do período.
O levantamento é feito em 12 Estados que, segundo a CNI, representam 94% do PIB (Produto Interno Bruto) da indústria. O presidente da entidade, o deputado federal Armando Monteiro Neto (PTB-PE), disse que os números comprovam que a indústria passa por forte desaceleração e aproveitou para criticar o Banco Central devido ao nível das taxas de juros praticadas no país.
“A política monetária está atrasada em relação a esse processo. O Banco Central está dançando em um ritmo diferente da nossa economia. É preciso um movimento mais ágil para evitar o agravamento desse quadro”, disse. No mês passado, o BC reduziu a taxa Selic pela primeira vez desde 2007, fixando-a em 12,75% ao ano. Mesmo assim, foi criticado por empresários por não ter tomado essa decisão ainda no fim de 2008.
Faturamento
Apesar da avaliação de Monteiro Neto, nem todos os números da pesquisa apontam para resultados negativos na indústria. Segundo o levantamento, o faturamento do setor, por exemplo, cresceu 1,4% entre novembro e dezembro. A variação acumulada ao longo de 2008, porém, foi negativa em 1,9%, graças principalmente à queda de 11% ocorrida entre outubro e novembro.
O indicador de utilização da capacidade instalada, por sua vez, caiu de 81,4% para 80,2% nos últimos dois meses do ano passado. Ainda assim, o nível observado em dezembro ainda é superior, por exemplo, aos 77,6% que chegaram a ser registrados em 2003, ano em que a economia brasileira cresceu 1,1%.