Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Notícias

Desemprego atinge o menor nível no ano

 


Estudo constata que muitas pessoas deixaram de procurar nova colocação

 

Jacqueline Farid, RIO

 

O mercado de trabalho mostrou os primeiros sinais de recuperação em junho, com queda acima do esperado na taxa de desemprego, que passou para 8,1%, o menor nível do ano. Em maio, a taxa havia sido de 8,8%.

 

“Foi o primeiro momento em que o mercado de trabalho começou a tomar fôlego após o início da crise”, diz Cimar Azeredo, gerente da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que acompanha a evolução do emprego nas seis principais regiões metropolitanas do País.

 

“A pesquisa sem dúvida mostrou um resultado favorável. Ainda não conseguimos nos equiparar aos avanços de 2008. O mercado não mostra o aquecimento do ano passado, mas mostrou recuperação em junho, deu uma arrancada no mês e agora resta aguardar os próximos resultados.”

 

A renda média real caiu 0,3% em relação a maio, variação considerada como “estabilidade” por Azeredo. Em relação a junho de 2008, o rendimento aumentou 3%.

 

Levantamento feito pelo serviço AE Projeções, com 18 instituições financeiras, mostrava uma expectativa de 8,9%, em média, para a taxa de desemprego em junho. O economista da Opus Gestão de Recursos e professor da PUC-RJ, José Marcio Camargo, diz que a expectativa para o mercado de trabalho no segundo semestre “melhorou muito” a partir dos dados apresentados ontem pelo IBGE.

 

“Essa taxa de 8,1% é muito menor do que eu esperava e a taxa média do ano poderá ser muito mais baixa do que os 10% que eu previa”, disse Camargo, para quem “de alguma forma o mercado está reagindo e gerando emprego”. Ele observou que “há sinais positivos importantes”. De acordo com o IBGE, o número de desocupados nas seis regiões metropolitanas ainda somava 1,87 milhão em junho, mas caiu 8,3% em relação a maio. De um mês para o outro, foram geradas 164 mil vagas.

 

No fechamento do primeiro semestre, a taxa média de desemprego ficou em 8,6%, ante 8,3% em igual semestre do ano passado. Em 2007, a taxa média do primeiro semestre havia sido de 9,9%.

 

Segundo Azeredo, os dados do semestre revelam que “a crise mostrou efeitos no mercado de trabalho, que perdeu a aceleração do ano passado, mas não chegou a reverter os ganhos de 2008”.

 

PAUSA

 

O dado intrigante da pesquisa é o aumento da população não economicamente ativa, que consiste nos inativos, aqueles que estão sem trabalho, mas também não se movimentam em busca de emprego. Um dos pontos de dúvida para os próximos meses, segundo Azeredo, está nesse grupo, que aumentou 0,6 por cento em junho em relação a maio, ou o equivalente a 105 mil pessoas.

 

Para Azeredo, essa alta pode ter relação com uma espera das pessoas por resposta a um pedido de emprego, mas também pode ser um sinal de aumento do desalento, ou seja, desistência da procura por uma vaga.

 

Essa alta na inatividade foi percebida também por Camargo, que não compartilha da perspectiva do desalento, mas acredita que esses inativos podem estar esperando um momento à frente para procurar emprego enquanto possivelmente se apoiam, no momento, em indenizações trabalhistas ou seguro-desemprego.

 

“Em algum momento essas pessoas vão voltar a procurar trabalho e isso pode pressionar a taxa de desemprego”, disse. Camargo lembra, porém, que quando e se isso ocorrer o mercado de trabalho poderá estar mais aquecido, com geração de mais vagas. Por isso, a pressão sobre a taxa poderá não ser significativa.

 

SÃO PAULO

 

Na maior região metropolitana do País o aumento dos inativos foi ainda mais forte, mas houve também queda significativa do desemprego em junho. O desemprego em São Paulo, que pesa 40% na pesquisa, ficou em 9% em junho, ante 10,2% em maio. O número de desocupados caiu 12,5% de um mês para o outro, com redução de 127 mil desempregados. Com isso, o total de desocupados, que ultrapassava 1 milhão em maio, recuou para 887 mil pessoas em junho.