MESMO APÓS ACORDO, CÂMARA DOS EUA NEGA AJUDA DE US$ 700 BILHÕES A BANCOS. DECISÃO PROVOCOU QUEDAS HISTÓRICAS NAS BOLSAS MUNDIAIS
WASHINGTON – Um fracasso político histórico na Câmara dos Representantes dos EUA, mesmo após acordo entre as cúpulas dos partidos Democrata e Republicano, para aprovar o pacote de socorro ao sistema financeiro aprofundou ainda mais a crise vivida pelos mercados internacionais.
A rejeição ao pacote se deu apesar do apoio declarado ao pacote pelos candidatos à Presidência, o democrata Barak Obama e o republicano John Mac.
Por 228 votos pelo “não”, contra 205 que votaram “sim” e um que não votou, a Câmara dos Representantes (deputados federais) dos Estados Unidos rejeitou pacote proposto pelo governo de George W. Bush que prevê a maior operação-resgate do mercado financeiro da história do país, com até US$ 700 bilhões de gastos previstos.
Até a conclusão dessa edição, ainda não estava claro quando a medida voltava a votação e se seria a mesma ou sofreria modificações, mas lideranças falavam em novo tentativa na quarta-feira.
A decisão jogou mercados do mundo inteiro para baixo, num dia dramático, em que as Bolsas caíam a cada “não” que era computado no Congresso. O índice industrial Dow Jones, um dos principais do mercado mundial, teve a pior queda de sua história em um dia, com perda de 777,68 pontos, e o Fed, o banco central norte-americano, anunciou que estava dobrando o volume de dinheiro disponível para noves bancos centrais da Europa, Austrália, Canadá e Japão, para US$ 620 bilhões, e triplicando o destinado a empréstimos de curto prazo para instituições financeiras, para US$ 225 bilhões.
A reação partiu principalmente da base governista, o que surpreendeu o republicano George W. Bush, que se disse “desapontado”. Nos EUA, republicanos representam uma tendência que é contra a interferência do governo na economia, apesar da proposta do governo.
A equipe econômica de Bush defende que o pacote é necessário para livrar o país de entrar numa recessão profunda. Surpresos também ficaram os líderes do Partido Democrata, maioria no Congresso, que anunciaram horas antes que haviam chegado a um acordo quanto ao plano.
“Estou desapontado com a votação do plano de resgate econômico no Congresso dos Estados Unidos”, disse Bush durante encontro com o presidente Viktor Yushchenko, da Ucrânia. “Nós fizemos um plano que era grande porque nós temos um grande problema.” Na seqüência, o secretário do Tesouro, Henry Paulson, repetiu que era preciso “fazer algo” e “rápido”.
Dos 435 votos do Congresso, 140 democratas e 65 republicanos votaram a favor do plano, contra respectivamente 95 e 133 que votaram contra a proposta. (FSP)