“As empresas são o polo dinâmico das economias. Mesmo os antigos países comunistas não abriam mão de constituir grandes estatais, para atuar em setores estratégicos, como energia, mineração, construção, transportes, telecomunicações, entre outros.
O Brasil também conseguiu, a muito custo, formar grandes empresas de transportes, petróleo, energia, construção, mineração, siderurgia, entre outras. Muitas começaram como estatais e hoje são empresas privadas. Independentemente dessa condição, todas elas são fundamentais para a economia e o progresso.
Mas esse cenário começou a mudar. O chamado escândalo do petrolão e, logo depois, a onda de denúncias contra empreiteiras (e políticos) geraram um forte impacto nacional, com paralisação de obras, esfriamento da atividade econômica e crescimento brutal do desemprego.
Uma grande empresa não é uma célula isolada no mercado. Ao contrário. Ela é um elo dinâmico e dinamizador de cadeias produtivas inteiras, com impactos diretos e indiretos também no Estado – afinal, essa paralisia reduz a arrecadação de impostos e de encargos. E a própria Previdência Social sofre com isso.
Sempre fui a favor de que se apurem as denúncias, dando-se ao acusado amplo direito de defesa. Sou a favor da punição dos comprovadamente responsáveis. Mas não posso achar normal que erros (ou ilegalidades) cometidos em anos recentes por alguns de seus dirigentes comprometam a existência inteira de uma empresa, danificando setores da economia e devastando os empregos.
O Brasil nunca resolve seus problemas e quando decide resolver quer fazer tudo ao mesmo tempo. Contam que o poder das empreiteiras começou com a construção de Brasília; esse poder cresceu na época das grandes obras da ditadura; e permanece até hoje. São, no mínimo, 50 anos de ingerência privada nos interesses públicos. Não dá, portanto, pra resolver de uma vez só.
A Petrobras, as empreiteiras e demais envolvidas em ilícitos precisam tocar a vida adiante. Que seus diretores-responsáveis paguem pelas ilegalidades. Mas é injusto e insano fazer com que o pedreiro, o engenheiro, o petroleiro, o operário da construção naval, o metalúrgico, entre tantos, percam o emprego e suas famílias passem a enfrentar dificuldades.
A mídia tem um importante papel quando noticia desvios. O Ministério Público e o Judiciário ajudam a Nação quando denunciam as trapaças. A Justiça cumpre seu papel quando pune culpados. Mas isso não pode servir de estímulo ao moralismo de ocasião.
Acima de tudo sempre estará o interesse maior do povo brasileiro. Se a gente não sair do pântano do denuncismo, o Brasil afundará cada vez mais, agravando todos os males nacionais”.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região e secretário nacional de Formação Sindical da Força Sindical
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