Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Miguel Torres

Democracia hoje e sempre!

Há exatos dois anos, no dia 8 de janeiro de 2023, golpistas e vândalos invadiram a Praça dos Três Poderes, em Brasília, atacaram o patrimônio público e as sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário, danificaram importantes obras de arte e atentaram contra as instituições e o Estado Democrático de Direito.

Era a continuidade da trama golpista, recentemente revelada pela Polícia Federal, que envolvia inclusive o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Por isso, consideramos todos os atos em defesa da democracia brasileira muito significativos. Não importa o tamanho, mais sim a qualidade das manifestações e o sentido educativo que podem alcançar,
para que não haja esquecimento sobre o mal que o fascismo e a extrema-direita causam no Brasil e no mundo todo e para que não ocorram mais tentativas de golpes de Estado em nosso País.

No Ato em Defesa da Democracia, no qual participamos em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2025, o presidente Lula lembrou muito bem das greves dos metalúrgicos de Contagem/MG e Osasco/SP em 1968 e do processo grevista que ele liderou a partir de 1978. Com isso ele valorizou o papel e participação dos trabalhadores(as) na retomada da Democracia no Brasil.

História

Somente em um regime democrático é possível buscar uma vida melhor para a classe trabalhadora sem que haja repressão e violência aos movimentos reivindicatórios organizados pelos sindicatos.

É fato histórico que o sindicalismo brasileiro foi duramente atacado pelas forças de repressão da ditadura instalada no País após o golpe de 1964.

Dirigentes, ativistas e trabalhadores foram vigiados, perseguidos e mortos, entre eles, da base metalúrgica de São Paulo, destacam-se os nomes de Manoel Fiel Filho e Santo Dias.

Avanços

Resistimos à ditadura e lutamos pela redemocratização, pelas Diretas, Já! e por avanços trabalhistas e sociais na Assembleia Constituinte que culminou com a promulgação da Constituição Cidadã de 1988. Entre as inúmeras conquistas, conseguimos a redução constitucional da jornada de trabalho de 48 horas para 44 horas semanais.

Conquistamos a regulamentação da Participação nos Lucros ou Resultados, avançamos com a estabilização da moeda no governo FHC e, sempre com a presença, participação (as Marchas a Brasília são exemplares) e propostas do nosso movimento sindical, histórico, representativo e atuante, com as melhorias sociais e econômicas nos governos Lula, incluindo as políticas públicas de transferência de renda, a valorização do salário mínimo, a lei da igualdade salarial entre mulheres e homens em uma mesma função, a redução do desemprego e o crescimento da classe média brasileira.

Retrocessos

Passamos porém por evidentes retrocessos: o impeachment da presidente Dilma, as nefastas reformas trabalhista e previdenciária, a injusta prisão do presidente Lula e a eleição de um presidente de extrema-direita que nunca teve apreço pela democracia e cuja primeira ação foi fechar o Ministério do Trabalho.

Durante todo o seu mandato, o ex-presidente atacou os movimentos sindicais e sociais, os direitos civis, a ciência, a vacinação e a democracia, demonstrou total insensibilidade e incompetência na pandemia, representou um atraso para o Brasil nas relações internacionais e foi o principal responsável pela disseminação da cultura do ódio político no País e das “fake news”, culminando com a trama golpista e seus seguidores invadindo em 8 de janeiro de 2023 a Praça dos Três Poderes.

É neste contexto histórico, de necessária reflexão social, participação política e consciência de classe, que continuaremos em defesa da democracia, exigindo a exemplar punição para todos os golpistas. Sem anistia! Ditadura nunca mais!

A luta faz a lei!

Vale ressaltar novamente a relevância do movimento sindical na resistência democrática, na conquista da política de valorização do salário-mínimo, na luta pela valorização das negociações coletivas e na conquista dos aumentos reais de salário ao longo dos anos, inclusive nas campanhas salariais do ano passado. Vamos continuar juntos neste ano de 2025 nesta trajetória histórica de lutas e conquistas para os trabalhadores e trabalhadoras, em defesa do desenvolvimento, da justiça social e da democracia, hoje e sempre!

Miguel Torres
Presidente da Força Sindical, CNTM e Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes