Folha SP
DE OURO BRANCO – Os operários que pediram demissão da construtora Paranasa após a morte de um colega por meningite e estão deixando Ouro Branco (100 km de Belo Horizonte) têm medo de “levar na bagagem “a doença e transmiti-la a seus parentes.
Havia 2.500 operários trabalhando na cidade mineira em uma obra de expansão da Gerdau Açominas. Na sexta-feira, um operário de 19 anos morreu de meningite meningocócica tipo C, assustando seus colegas de alojamento.
Dos 1.200 trabalhadores de seu alojamento, 380 já pediram demissão. Eles não tomaram vacina e temem levar a doença para suas casas. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, os operários foram medicados preventivamente com antibiótico.
Na manhã de ontem, dois ônibus já haviam saído para o Nordeste com trabalhadores que deixaram para trás o salário de R$ 1.100.
“Pensei muito para largar. Liguei para casa, falei da doença e a família se apavorou”, disse o carpinteiro José Francisco de Oliveira, 35, de Afonso Bezerra (RN).
O medo dos operários é compartilhado em parte pela população da cidade, de 36 mil habitantes, que quer que o poder público vacine a população. Os trabalhadores se queixam do valor de R$ 150 da dose da vacina. Dizem não ter como pagar. No país, a vacina só está disponível em postos de saúde para crianças de até dois anos de idade.
O temor pela meningite não é de agora -vem desde agosto, quando Ouro Branco registrou cinco casos, com a morte de duas crianças. Desde sábado, quando foi anunciada a morte do operário, a prefeitura usa as rádios para dar informações sobre a doença e distribui panfletos.
(PAULO PEIXOTO)