Valor Econônimo
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) planeja iniciar no próximo dia 24 (domingo), a paralisação de seu alto-forno 2, conforme apurou o Valor. O tempo de parada, a princípio, será por 90 dias, tempo em que irá fazer a manutenção e reparos das instalações do equipamento.
O alto-forno 2 da CSN responde por 30% da capacidade de produção da usina da siderúrgica, localizada em Volta Redonda, no sul fluminense. No local, a empresa está apta a produzir 5,6 milhões de toneladas de aço bruto por ano, com dois altos-fornos, mas já vem operando quase próximo de 70% de sua capacidade, o que justifica paralisar uma das unidades.
Conforme a empresa, a paralisação é decorrente da crise do mercado de aço no país, que se agravou no decorrer de 2015 e já forçou outras empresas do setor a paralisar equipamentos de produção de várias unidades.
O caso mais drástico é o da Usiminas, que está encerrando a produção de aço bruto na unidade de Cubatão, que estava apta a fazer 4,5 milhões de toneladas por ano.
A paralisação na CSN já levou à demissão de 700 trabalhadores, sendo 495 metalúrgicos. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, as homologações dos trabalhadores dispensados começaram ontem e vão até sexta-feira. O número total inclui engenheiros e trabalhadores da construção civil.
Na Usiminas, que ainda negocia o pacote de demissões, deverão ser cortados 4 mil trabalhadores – metade próprios e metade indiretos. A desativação total da chamada parte quente deverá ser completada até o dia 31 de janeiro.
Durante o período de três meses de parada, a CSN vai acompanhar a evolução do mercado brasileiro de aço. Se a retração se aprofundar, a empresa poderá decidir pelo prolongamento da parada, com abafamento do alto-forno por no mínimo uma ano.
Ontem, o Instituto Aço Brasil informou que as vendas internas de aço fecharam 2015 com recuo de 16,1%, com despachos de 18,2 milhões de toneladas. Em dezembro, a queda foi de 26,1% em relação ao mesmo mês de 2014.
O consumo aparente do país (venda interna mais importação) teve retração de 16,7%, em 21,3 milhões de toneladas. Em dezembro, o recuo atingiu 28,2%, com 1,2 milhão de toneladas.
A produção brasileira no ano passado teve queda de 1,9% e fechou em 33,2 milhões de toneladas. A utilização da capacidade do setor caiu para 66,4% no ano.
O país conseguiu exportar 13,7 milhões de toneladas – aumento de 40,3% em volume, mas queda de 3,3% em valor (os embarques somaram US$ 6,6 bilhões).
As importações, em queda no segundo semestre devido à fraqueza econômica e ao câmbio, foram de 115 mil toneladas em dezembro (3,3 milhões no ano).