Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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CSN adquire fábrica na Alemanha

Valor Econômico

Por Ivo Ribeiro

De São Paulo

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), comandada pelo empresário Benjamin Steinbruch, fechou ontem a compra de uma siderúrgica de aços longos do grupo espanhol Alfonso Gallardo situada na Alemanha. O valor da operação, conduzida pela subsidiária espanhola CSN Steel, foi de € 482,5 milhões (US$ 634 milhões, ou R$ 1,1 bilhão). A aquisição inclui a distribuidora Gallardo Sections.

O negócio marca a entrada da CSN, tradicional fabricante brasileira de aço plano, com usina em Volta Redonda (RJ) no mercado dos chamados aços longos, produto usado na construção civil e em aplicações industriais. A operação é também mais um avanço da siderúrgica em seu processo de internacionalização: a companhia já tem operações nos Estados Unidos e em Portugal.

Nesse segmento, no momento a CSN constrói uma unidade com capacidade para 500 mil toneladas por ano, voltada para vergalhões e barras, também em Volta Redonda. Após atrasos causados nas obras civis, a unidade deve ficar pronta no último trimestre deste ano. Com isso, passará a competir no Brasil com Gerdau, ArcelorMittal e Votorantim.

A aquisição da siderúrgica alemã ocorre alguns meses depois que a CSN suspendeu, em meados de setembro, a aquisição que envolvia também ativos de cimento e aço na Espanha. Na época, em meados de setembro, justificou a desistência do negócio a “descumprimentos contratuais” por parte do grupo Gallardo.

“Ficamos com a joia da coroa”, disse, por telefone, da Alemanha, Juarez Saliba, diretor-executivo de novos negócios e de fusões e aquisições da CSN. Ele explicou que as negociações com o grupo Gallardo foram retomadas no fim de outubro e concentrara-se especificamente nos dois ativos alemães – a siderúrgica Stahlwerk Thüringen (SWT) e a distribuidora de aço Gallardo Sections.

A SWT, observou Saliba, é voltada para atendimento dos mercados alemão e de países do Leste europeu, justamente os que se encontram em melhora situação devido à crise da Zona do Euro. “A usina está rodando com 80% da capacidade instalada”, firmou. Segundo a CSN, o ativo maior diversificação de mercados de atuação que a concorrência, atendendo não só a construção não-residencial, mas focada também nas áreas industriais de equipamentos, engenharia e transporte.

A SWT, situada na cidade de Unterwellenborn, na província de Thüringen, no centro do país, é especializada na fabricação de perfis médios e pesados, com capacidade instalada de produção de 1,1 milhão de toneladas por ano. Esses produtos são destinados, por exemplo, à fabricação de construções metálicas, como edifícios, mezaninos, estádios, pontes, viadutos, passarelas, fundações, contenções, galpões, pontes rolantes.

A siderúrgica alemã opera à base de sucata, com fornos elétricos. Segundo a CSN, tem localização favorável para compra da matéria-prima – 70% são oriundos de um raio de 70 a 100 quilômetros. Junto com a distribuidora, a empresa emprega 450 pessoas.

Com o novo ativo, a CSN atinge uma capacidade instalada de produção de aço – plano e longo – de 6, 7 milhões de toneladas por ano. A partir de 2013, com a nova usina de Volta Redonda, salta para 7,2 milhões de toneladas.

Segundo Saliba, a CSN contou com financiamento de € 120 milhões por parte de sete bancos que eram credores do grupo Gallardo para fechar o negócio. A empresa vai desembolsar € 320 milhões do seu caixa e assumir dívida da SWT de aproximadamente € 40 milhões.

O diretor informou que não haverá mudança na gestão da SWT. “É uma operação enxuta, com padrão alemão, com dois executivos – um diretor industrial e um administrativo-financeiro, que serão mantidos”. Destacou que ao fazer essa aquisição, a CSN comprou também expertise no segmento de aços longos. “Os alemães vão nos ajudar, nos próximos oito meses, com treinamento, a formar o pessoal para nossa usina de aços longos em Volta Redonda”, afirmou.

A operação de compra do ativo europeu – deixando de lado uma cimenteira e outra usina de vergalhões na Espanha, um mercado em crise – ocorre um mês após o grupo argentino Techint entrar no capital da Usiminas, concorrente da CSN. Steinbruch tentou, via mercado de capitais e diretamente, assumir o controle da siderúrgica mineira, mas não teve sucesso.