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Crise terá impacto na economia real no mundo, diz Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira que a crise financeira internacional terá um forte impacto na economia real do planeta. Segundo ele, a crise tem magnitude inédita e será de longa duração. Para o ministro, o efeito desta crise na economia real está ficando nítido agora. “É impressionante como o travamento de crédito atinge a economia real. Espero que este travamento de crédito não se transforme em depressão”, disse Mantega, que participa do 3º Encontro Nacional da Indústria, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Para Mantega, a crise impacta menos os países em desenvolvimento, porque estes já têm um dinamismo maior (por causa do maior potencial de seus mercados internos), as contas públicas estão mais robustas e também porque os bancos que estão mais comprometidos com os ativos tóxicos são os dos países avançados e não dos emergentes. Ele ressalvou, no entanto, que há casos de emergentes também com problemas bancários relacionados diretamente com tais ativos problemáticos, como a Rússia.

O ministro da Fazenda afirmou que o problema de travamento de crédito observado nos Estados Unidos e nas economias avançadas não ocorre na mesma magnitude no Brasil. Ele reconheceu que é natural, neste momento em que o mundo passa por uma grave crise financeira, que haja um maior comedimento das instituições financeiras do País.

Mantega explicou que o agravamento da crise a partir de meados de setembro teve como conseqüências uma restrição do crédito externo, especialmente para a exportação; e problemas de liquidez. Mas ele destacou que o governo tem instrumentos, e os tem utilizado, para enfrentar os impactos da crise no Brasil. Ele mencionou especificamente os volumes de depósitos compulsórios que sempre foram criticados no passado, e que hoje “se revelam reserva importante para irrigar o sistema financeiro”.

Outros participantes

No mesmo evento em que Mantega participa, também está o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, que afirmou que o reflexo tangível do cenário adverso no exterior é uma crise de liquidez “sem precedentes”. Ele avaliou que essa crise já se traduz em desaceleração do nível de atividade de alguns setores. Monteiro Neto ainda ressaltou que o problema de uma crise de liquidez para o País é que a economia brasileira tem funcionado graças à expansão do crédito.

Outro participante, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) defendeu que o governo continue investindo para sustentar o nível de atividade econômica interna, amortecendo o impacto da recessão internacional no País. Ele também defendeu a estabilização da taxa de câmbio. O empresário Jorge Gerdau, também presente no evento, é mais um que detecta o efeito da crise na economia real. Mas ele destacou que o governo brasileiro tem trabalhado com “inteligência” e “agilidade”. “Com mais inteligência do que agilidade”, avaliou. De acordo com ele, a crise tem duração imprevisível.