Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Crise no gusa e demissões preocupam Sindicato


Ernane Geraldo Dias, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sete Lagoas/MG

A situação do gusa em Sete Lagoas é realmente alarmante. Nos últimos meses centenas de trabalhadores perderam seus postos de trabalho.

Para se ter uma ideia, em setembro de 2008 o setor empregava 5 mil trabalhadores diretos, nos 37 fornos que operavam na época. Hoje apenas 16 fornos estão em atividade, empregando não mais que 2.700 metalúrgicos.

Na produção de carvão vegetal, que alimenta os alto-fornos de gusa, foram 10 mil postos de trabalho fechados. Os números são do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer).

Em recente entrevista à imprensa, o presidente do Sindifer, Paulino Cícero, explicou que o mercado do ferro-gusa permanece em baixa devido à conjuntura internacional. “Europa e Estados Unidos não se recompuseram da crise, e tem a concorrência forte da Rússia e Ucrânia, que fazem ferro-gusa com carvão mineral, além da questão cambial”, explicou o presidente do Sindifer, sem muita esperança na retomada do setor ainda esse ano.

Paulino Cícero disse que está “rezando” para os resultados do quarto trimestre serem melhores do que os de até agora.

Quanto ao problema de Sete Lagoas, o presidente do Sindifer defendeu a verticalização do sistema produtivo, por meio da implantação de uma usina de aço no município. “Tem financiamento com facilidade para o aço, para o gusa é que não tem nem uma rapinha no BNDES, que não empresta para a gente”, criticou Cícero, sobre a política de empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sete Lagoas, Ernane Geraldo Dias, informou que foram fechadas cinco empresas. Em julho, a Sicafe demitiu 130 funcionários. A Cosisa paralisou as atividades desde novembro de 2008 com a demissão de 230 funcionários. “A Barão de Mauá deu férias remuneradas no último dia 27 de julho, por 30 dias, para 110 pessoas, abafando o alto-forno dela”, contou Ernane, sobre a última baixa. Outra que demitiu 100 pessoas em julho foi a MGS Siderurgia.

A Siderlagos paralisou as atividades em dezembro de 2009 com a demissão de 140 funcionários (que até hoje não receberam as verbas rescisórias, sendo que o bem dado em garantia, uma fazenda, ainda não foi vendida; aguardando autorização do Ministério Público de MG) e a Siderúrgica Veredas também encerrou as operações em dezembro do ano passado, dispensando outras 212 pessoas.

As últimas baixas atingiram as seguintes empresas: Siderpa, que demitiu metade do pessoal, 200 funcionários ao todo; Siderúrgica Insivi, que demitiu 100 pessoas; Itasider que demitiu 15 pessoas; Fergubras, que demitiu em junho de 70 a 80 funcionários.

No mês de julho a Sidermin paralisou um forno, colocando parte dos trabalhadores em férias e no último dia 17/08 a Itasider também paralisou um forno e deu férias para os funcionários, por falta de mercado. A situação é muito preocupante, uma vez que terminadas as férias, caso não haja reação do setor, teremos com certeza, novas demissões.

Ernane destacou ainda a importância do Gusa para Sete Lagoas, lembrando que a crise reflete profundamente na economia do município como um todo, prejudicando inclusive a atuação do próprio Sindicato que, com as demissões, vem perdendo associados.

Por Sueli Santos
Assessoria de Comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos de Sete Lagoas