“Não há mais como negar que o País está se aprofundando em uma série crise política e econômica.
O ano mal começou e a inflação já é um fato; tarifas básicas como água, luz, gás e combustíveis sofreram aumentos abusivos; a perda de credibilidade política espanta os investimentos internos e externos; a urgência de ações do governo nos cortes públicos atingem nossos direitos e o desemprego é o fantasma que volta a assombrar a toda sociedade, principalmente àqueles que estão no setor produtivo.
Apenas nesse início de ano foram mais de 80 mil postos de trabalho perdidos, segundo dados do Ministério do Trabalho. A incapacidade governamental de mostrar um quadro de recuperação à curto prazo, além de uma notória falta de rumo para isso, promete um 2015 de muitas dificuldades para os trabalhadores.
A sociedade, em todos os seus setores, buscam reagir. Manifestações, paralisações e greves. Nada mais natural. Não é nada justo que após décadas de geração de muita riqueza no País, a mesma seja engolida apenas pelos setores especulativos ou pela corrupção.
Não podemos apenas aceitar que a crise internacional seja a responsável pela nossa crise. Nossos problemas internos com infra-estrutura (estradas, portos, aeroportos, energia etc.), baixa produtividade, desqualificação profissional, desindustrialização, sequer foram resolvidos nos últimos anos de “vacas gordas”. Agora, é claro, enfrentar desajustes na economia se torna muito mais difícil.
A saída dos governos no Brasil em épocas de crise são sempre as mesmas: aumentar impostos, arrochar salários e cortar gastos públicos que, em geral, atingem sempre aqueles que mais precisam. Áreas estratégicas para o desenvolvimento de qualquer país tais como saúde e educação são as primeiras a sofrerem cortes e parece ser mesmo essa miopia dos governos que se sucedem o principal elemento que os mantém no poder.
Não se trata apenas de pessimismo. Trata-se da realidade e da necessidade de encontrarmos alternativas em garantir os direitos dos trabalhadores, nossos postos de trabalho e nossa dignidade como cidadãos e, para isso, além de sermos os maiores contribuintes do crescimento econômico das últimas décadas, também possuímos nossas armas.
É preciso manter e fazer aumentar nossa mobilização através de nossos sindicatos; é preciso estarmos preparados para enfrentar os desmandos da má gestão administrativa e do capital; é preciso que nos manifestemos e que deixemos claro que os trabalhadores e trabalhadoras não irão de forma alguma pagar a conta de mais uma crise sozinhos”.
Claudio Magrão, presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo