Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Crise encolhe salários em R$ 1,3 bilhão

Estudo do Ipea mostra queda nos rendimentos entre outubro e abril

 

Lino Rodrigues

 

SÃO PAULO. A crise financeira internacional retirou da economia brasileira cerca de R$ 1,3 bilhão somente em salários no período de outubro de 2008 a abril deste ano. Entre novembro e janeiro, cerca de 798 empregados com registro em carteira perderam seus empregos, metade deles com baixo nível de qualificação. Os dados, divulgados ontem, fazem parte da segunda edição do Radar, publicação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e mostram que as empresas, na hora dos cortes, optaram por proteger os empregados mais qualificados.

 

– A saída da crise para os trabalhadores menos qualificados será mais lenta – disse o diretor de Estudos Setoriais do Ipea, Mario Wohlers de Almeida.

 

Segundo ele, a tendência é de recuperação dos empregos, o que já está acontecendo no mercado desde fevereiro, mas com salários bem menores do que os pagos antes da crise. Um dado que aponta para esse caminho é a redução de 2,5% na massa salarial (soma dos rendimentos obtidos por todos os trabalhadores) em 2008 na comparação com 2007, o que deve continuar acontecendo ao longo deste ano.

 

Para os empregados com maior qualificação, Almeida acredita que os eles devem ser preservados por conta dos conhecimentos adquiridos e do investimento das empresas em treinamento. Mas os salários devem ser bem mais baixos para os que estão sendo contratados agora.

 

– O emprego vai crescer, como já está crescendo, mas a massa salarial continuará negativa e abaixo dos níveis de 2008 – previu Almeida.

 

A publicação também abordou o aumento da participação das commodities (especialmente grãos e minério de ferro) na pauta de exportação brasileira, que passou de 40%, na média histórica, para 51% nos primeiros quatro meses de 2009.

 

Boa parte desse crescimento, segundo dados do Radar, foi consequência do aumento das vendas desses produtos para a China, que tiveram um incremento de 34% até maio, período em que as exportações totais do Brasil encolheram 23% na comparação com 2008. 

 

– A concentração das commodities na nossa pauta de exportações a longo prazo é preocupante – ressaltou Fernanda De Negri, economista do Ipea.

 

Embora ainda não se saiba se esse movimento é uma tendência de longo prazo ou resultado da crise internacional, Fernanda observa que o aumento das vendas de commodities é o oposto do que o país precisa: – A longo prazo, o Brasil precisa diversificar sua pauta de exportações, ampliando a participação de produtos mais intensivos em tecnologia.