Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Crise aumenta medo do desemprego

Segundo Fecomercio, 81% das pessoas acham que o problema global fará estragos no País

RODRIGO GALLO, rodrigo.gallo@grupoestado.com.br

O governo negou durante semanas, mas não conseguiu “enganar” os brasileiros: nas ruas, as pessoas realmente acreditam que a crise econômica mundial vai afetar o Brasil. Pesquisa divulgada ontem pela Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio) revela que 81% dos entrevistados acha que a desaceleração global terá efeitos no País. O principal medo é que haja aumento no desemprego.

Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, finalmente admitiu que a crise é grave – como muitos brasileiros já estavam supondo. Segundo ele, o problema é devastador e muitos países não estariam bem preparados para enfrentá-lo.

O levantamento da Fecomercio tentou avaliar inclusive quem está mais preocupado com os problemas na economia. O resultado é que 88% das pessoas que ganham mais de dez salários mínimos acreditam nos inevitáveis impactos da crise no Brasil. O porcentual de brasileiros com renda de até três mínimos com a mesma opinião também é grande: 78%.

A pesquisa da Fecomercio apontou ainda que as mulheres são as mais temerosas: 83% delas acreditam que a recessão vai chegar ao Brasil, ante 80% dos homens.

A questão principal é que a maior parte das pessoas teme perder o emprego em tempos de enfraquecimento da economia. “O problema é que as pessoas têm conhecimento da alta do dólar e da desaceleração da economia. Então, fazem a associação de que, com menos dinheiro para crédito e preço de peças e componentes importados mais altos, as empresas podem ser obrigadas a reduzir a produção, resultando em menor volume de postos de trabalho formais”, disse o economista José William Cruz, especialista em análises de conjuntura macroeconômica.

Contudo, ele acredita que isso dificilmente vá ocorrer. “Creio que o mercado de trabalho pode passar por um período de estagnação no início de 2009, mas não acho que vamos viver um cenário de perda de postos de emprego.”

Massa salarial

De acordo com o economista, Altamiro Carvalho, da Fecomercio, nem mesmo as previsões pessimistas dos consumidores serão capazes de derrubar o volume de vendas no Natal. Ele acredita que o cenário ainda é favorável para que as pessoas passem um bom fim de ano. “Os indicadores mostram que a massa salarial cresceu 10% em relação ao ano passado, portanto, podemos calcular que o 13º salário será 10% maior”, disse. “É um sinal de que teremos mais dinheiro para a compra dos presentes.”

Ele estima, no entanto, que haverá menos crédito disponível nos bancos e lojas, com prazos mais curtos e exigências maiores para a aprovação dos empréstimos.

Apesar das ressalvas, a Fecomercio estima que o Natal deste ano será bastante semelhante ao de 2007, mesmo com a crise e com a percepção de temor de desemprego presente na população.

De todo modo, os comerciantes de todo o País deverão registrar redução nas vendas de artigos de determinados setores. “Veremos alguns impactos nas vendas de eletroeletrônicos, por conta do aumento na cotação do dólar. Além disso, teremos menos produtos importados nos supermercados, mas eles serão substituídos por itens nacionais semelhantes.”

PESSIMISMO

MAIOR MEDO

Desemprego: 38%

Inflação: 36%

Perda de poder de compra: 10%

Falta de crédito: 5%

Endividamento: 8%

Não sabe/não respondeu: 2%

O QUE AFETA

Condições financeirasda família: 15%

Situação econômica do Brasil: 67%

Não afetará nada: 14%

Não sabe/não respondeu: 4%

TEMOR

81% da pessoas acham que a crise econômica terá reflexos no Brasil

14% dos entrevistados acreditam que não

4% dos consultados não souberam responder

FONTE: FECOMERCIO-SPM