Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Notícias

Crise atrapalha busca por energia no setor industrial

Atrasos em projetos de geração prejudicam planos da indústria

AGNALDO BRITO

DA REPORTAGEM LOCAL

A crise de crédito que afeta o mercado brasileiro pode agravar a atual situação dos grandes consumidores de energia elétrica do país. Os atrasos em projetos de geração elétrica e a decisão do governo de dar prioridade ao chamado mercado cativo (atendido pelas distribuidoras) começam a comprometer os planos de parte do setor industrial, seja na busca de energia nova para expansão, seja para a renovação dos atuais contratos.

O alerta foi feito ontem pelo presidente da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres), Ricardo Lima, durante o 9º Encontro de Negócios de Energia promovido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). “É difícil mensurar o impacto que essa crise de crédito pode ter nos investimentos em energia, mas o resultado pode ser o de redução da expansão da oferta. Isso pode agravar a situação dos consumidores livres”, afirmou.

O setor alega que precisa de 800 MW médios de energia nova por ano para abastecer a demanda dos grandes consumidores. “São instalados 1,8 mil MW médios novos por ano no país. O problema é que temos de disputar essa energia com o mercado cativo e não somos prioridade. O governo abandonou os consumidores livres”, acusou o executivo.

Hoje, 600 empresas brasileiras têm liberdade total para fechar contratos de suprimento de energia elétrica. Mas o retorno ao mercado regulado não é simples. Pela regra, as companhias devem informar com cinco anos de antecedência que irão voltar ao mercado cativo. “Algumas empresas já informaram que vão deixar o mercado livre”, explica. Antes da crise financeira internacional, as companhias já enfrentavam problemas para compra.

O governo aceitou que apenas duas usinas (Jirau e Santo Antônio, projetos hidrelétricos do Rio Madeira) vendessem no máximo 30% da energia para os consumidores livres.