Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Crise afeta trabalhadores menos qualificados


Camila Souza

do Agora

Em tempos de crise econômica, os empregos mais ameaçados são os dos trabalhadores menos qualificados. É o que mostra a pesquisa Radar: Tecnologia, Produção e Comércio, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

A análise foi feita com base no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). “Os trabalhadores que mais sofreram com o início da crise foram os que têm um nível de escolaridade mais baixo, nível fundamental e médio. Além disso, o índice de emprego entre esse nível de qualificação é o último a se recuperar e voltar a crescer”, diz Marcio Wohlers, diretor de estudos setoriais do Ipea.

A pesquisa fez uma análise por grau de instrução. De acordo com o Ipea, entre os analfabetos, a geração de empregos ficou estável desde o agravamento da crise, em setembro do ano passado. Essa estabilidade se deve ao fato de que poucos trabalhadores que não sabem ler possuem carteira assinada.

Já os trabalhadores com ensino fundamental, completo ou incompleto foram os que mais sentiram a queda do emprego. Os dados mostram que, no agravamento da crise, esses foram os primeiros trabalhadores a ser demitidos, chegando a uma diminuição de cerca 400 mil postos de trabalho em dezembro de 2008. No mesmo período, o total de trabalhadores demitidos foi de 655 mil.

“É que o setor mais atingido pela crise foi o industrial, onde está a maioria desses trabalhadores”, disse Wohlers.

Entre os empregados com nível médio, os que têm ensino incompleto sofreram menos impacto, porém a recuperação está sendo mais lenta.

Para os que terminaram os estudos em nível médio, a queda no emprego foi maior, mas a retomada está sendo mais rápida.

A pesquisa diz ainda que os trabalhadores com ensino superior são mais imunes aos efeitos negativos da crise. “O trabalhador qualificado tem um custo mais alto. Por isso, o empregador pensa mais antes de demitir”, analisa.

Retomada
A pesquisa do Ipea aponta ainda uma recuperação do mercado de trabalho brasileiro, mesmo diante das expectativas pessimistas por causa da crise internacional.

No entanto, os novos empregados estão ganhando menos. “Os salários estão mais baixos. E essa queda nos rendimentos indica uma recuperação econômica mais lenta”, disse o diretor de estudos setoriais.