O clima de caos nos aeroportos do país continua pelo quarto dia consecutivo. Alguns passageiros têm ficado 24 horas à espera de embarque. Há atrasos ou vôos cancelados sem nenhuma explicação. A Aeronáutica alega que, por questões de segurança, o espaçamento entre os vôos monitorados passam a ser de 20 minutos, mas em média, quando está em condições normais, o intervalo tem sido de 40 minutos entre Rio e São Paulo. A situação piora quando intervalos sobem a mais de 1 hora. Os controladores, por sua vez, denunciam pane nos equipamentos.
Os atrasos e cancelamentos de vôos que têm ocorrido em aeroportos das regiões sudeste e sul do país se devem a vários fatores. É verdade que durante meses, os passageiros sofreram as conseqüências da greve branca feita pelos controladores de vôo. Nevoeiros também fecharam os aeroportos, com severas restrições. Agora, com o início do inverno, os passageiros estão fadados a se acostumar a longas esperas nos saguões e nas salas de embarque dos aeroportos e o motivo não é exatamente a estação fria do ano.
A tática para se livrar do tumulto é essa: fazem o check-in, põe o passageiro no embarque e o colocam no avião. O passageiro fica dentro do avião por horas. Em viagem a Belo Horizonte sofri atraso de mais de uma hora.
O sistema aeroportuário brasileiro está saturado e qualquer perturbação provoca atrasos muito maiores dos que registrados por causa da diferença de escala do movimento de passageiros e aviões.
Apesar da quebra da Transbrasil, da Vasp e da Varig, há de fato um aumento de demanda de 12% ao ano. Esse crescimento se deve a fatores que vão do crescimento da economia com moeda estável até a entrada no mercado de companhias aéreas que oferecem serviço básico a preço baixo. As viagens aéreas tornaram-se assim triviais e baratas, ao alcance de um número cada vez maior de pessoas que há duas ou três décadas nem sonhariam entrar em um avião.
A Infraero estima que o volume de passageiros, atualmente de 118 milhões, subirá para mais de 158 milhões em 2010 e para 200 milhões em 2018. Os principais aeroportos já não têm capacidade para tamanho movimento. Um relatório da Agência Nacional da Aviação Civil mostra, por exemplo, que o aeroporto de Congonhas, com capacidade para receber 12 milhões de passageiros por ano, recebe mais de 17 milhões. Cumbica está no limite. O aeroporto de Brasília tem capacidade para receber 7,4 milhões, mas recebe cerca de 10 milhões de passageiros. Os pátios desses aeroportos também estão saturados, ou seja, não há mais espaço físico para receber os aviões a mais, necessários para atender à demanda.
O resultado de uma convergência de fatores é a saturação da infra-estrutura aeroportuária.
O que estão fazendo com o povo brasileiro é um desrespeito por parte do Comando aéreo, da Aeronáutica e do Governo.E também das empresas.
Os controladores dizem que a solução é a desmilitarização do setor e que, para isso, só o Presidente da República ou a Casa Civil teriam autoridade para negociar.
Já o ministro Guido Mantega, da Fazenda, nega que haja caos aéreo no país e atribui a situação nos aeroportos a fatores como o aumento da demanda causada pelo bom momento da economia. É o preço do sucesso, afirmou, quando perdeu a oportunidade de ficar calado, como sua colega de ministério do turismo e de partido que pediu para o passageiro relaxar e gozar. Ao invés de trabalhar esse pessoal faz frases de efeito. A continuar assim, pobre de nós, cidadãos brasileiros.