DE SÃO PAULO
O Brasil já foi considerado uma “aventura” para diversas multinacionais. Hoje, o país fortifica os lucros de empresas estrangeiras.
Dados do BC mostram que montadoras, operadoras de telefonia, fabricantes de produtos alimentícios, químicos e bebidas estão entre os setores que mais enviam remessas de lucros para o exterior.
O país é o terceiro maior mercado para Ford, GM, Renault e Volkswagen. É também o que mais vende carros da Fiat. Em dois anos, a participação da operação brasileira da montadora italiana saltou de 30,5% para 35%.
Na GM, o Brasil representa 8% da receita total, ante 3% em 2006. Na Volkswagen, essa fatia subiu de 12% para 17% em quatro anos.
Resultado: as filiais do setor no Brasil turbinaram em quase 50% as remessas de lucros entre 2009 e 2010.
Na telefonia não foi diferente. No ano passado, a reestruturação societária entre Telefônica, Vivo e PT (Portugal Telecom) movimentou R$ 17,2 bilhões.
A espanhola Telefónica, que era sócia da PT na Vivo, adquiriu a participação dos portugueses (30%), que, por sua vez, tornaram-se sócios da Oi. Essas transações levaram à distribuição de lucros.
Mas não é somente isso que explica a alta de 110% nas remessas feitas pelas operadoras de telefonia, que atingiram US$ 1,1 bilhão em 2010. O crescimento econômico nos últimos anos e a expansão da classe C também contribuíram para engordar os lucros do setor.
No segmento de bebidas, o país enviou 57% mais lucros e dividendos, totalizando US$ 1,8 bilhão, em 2010.
A operação brasileira da Coca-Cola, que tinha sido ultrapassada pela China nos dois últimos anos, poderá retomar a terceira posição no resultado global da companhia em 2010.
Isso acontecerá caso o Brasil tenha mantido no quarto trimestre do ano passado o dobro do crescimento do mercado chinês, ritmo registrado entre janeiro e setembro. Em 2009, o país representou 7% de todo o volume vendido pela empresa no mundo.
(ER e JW)