Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Consciência negra, consciência cidadã

“O próximo domingo, 20, marca o Dia Nacional da Consciência Negra. A data, oficializada pela Lei 10.639/2003, registra a morte do líder rebelde Zumbi dos Palmares,  distante no ano de 1695, e reverencia também a memória de todos os que combateram a escravidão.

Penso que devemos ter um olhar positivo para essa luta, até porque o Brasil vem obtendo importantes avanços na questão racial, especialmente a partir de 1988, quando foi promulgada a nova Constituição da República.

Quando me iniciei na política, por meio do PCB, aprendi a ter uma visão ampla da sociedade, entendendo os seres humanos como unos, membros da mesma irmandade chamada humanidade. Não diferencio, portanto, pessoas por critério de cor, raça, fé ou opção ideológica. Por isso, rechaço toda forma de discriminação.

No entanto, o fato de ter essa visão abrangente, e unitária, não me impede de enxergar o que é real: e a realidade é que vivemos, ainda, num mundo de enormes diferenças sociais e graves problemas raciais, com perseguições aos negros e a setores populacionais minoritários.

Enquanto sindicalista, me deparo com frequência com a questão racial, porque constato o pagamento de salários muito menores aos negros e a falta de oportunidades efetivas de crescimento profissional, especialmente nos níveis de direção.

Como todos sabem, pertenço ao Partido Democrático Trabalhista. E digo isso com tranquilidade, porque a inclusão e o respeito ao negro são princípios do PDT e fazem parte, inclusive, do estatuto partidário. Aliás, era ao PDT que pertencia o grande brasileiro Abdias do Nascimento, falecido recentemente, aos 97 anos, com destacada atuação em defesa dos afrodescendentes e da rica herança cultural dos filhos da África em nosso País.

Quero dizer, por fim, que em minhas veias corre sangue negro, como corre também nas veias de minha esposa e de meus filhos. Tenho, portanto, orgulho de minha origem. E mais que isso: tenho compromisso com a inclusão racial, a valorização da cultura e a ampliação do espaço – econômico, político e social – dos afrodescendentes.

Dia da Consciência Negra, para mim, é dia de reflexão e de reafirmação do compromisso de construir um mundo justo, solidário e igualitário.

Viva Zumbi! Axé para todos!”

Por José Pereira dos Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região