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Com retomada do crescimento, indústria volta a fazer contratações

Entre os principais países emergentes, a indústria brasileira lidera o otimismo para os próximos 12 meses. Duas em cada três empresas, segundo levantamento da consultoria KPMG, preveem recuperação da própria produção e do desempenho da economia do país.

O estudo constata ainda a projeção de reaquecimento da abertura de postos de trabalho. E as contratações já recomeçaram: setores como o têxtil e de eletrodomésticos registram alta na retomada das vagas.

 

O levantamento da consultoria KPMG sobre a recuperação da indústria revelou que o setor brasileiro lidera o otimismo do grupo dos países emergentes, o chamado Bric – formado por Brasil, Rússia, Índia e China.

 

Duas em cada três indústrias preveem recuperação nos próximos 12 meses. Ou seja, do total de empresas consultadas no Brasil, 67,8% têm boas perspectivas, 28,3% acreditam que o atual cenário econômico vai continuar e apenas 2,9% esperam um quadro pior.

 

De acordo com o estudo, “com os níveis de atividade indicando aumento, as indústrias brasileiras estão planejando elevar os níveis de empregados”.

 

Para confirmar a tese da consultoria, o Jornal do Brasil foi conferir as perspectivas de contratação de alguns setores da indústria brasileira e constatou a abertura de vagas.

 

Um dos maiores segmentos empregadores do país – a indústria têxtil – já criou 2.570 empregos de maio a julho deste ano, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Aguinaldo Diniz.

 

Atualmente, o setor soma 6,6 milhões de empregos, sendo 1,6 milhão diretos e 5 milhões indiretos. Mas o setor amargou momentos difíceis. Diniz conta que 5,3 mil vagas foram fechadas no primeiro trimestre deste ano em função da crise.

 

Além da queda das exportações, principalmente para a Argentina – calculada em 43% – houve uma “invasão” de produtos asiáticos, majoritariamente chineses, no País durante o período.

 

Outro fator foi a escassez do crédito e o aperto da renda por causa das demissões, que afetaram o consumo interno.

 

“Apesar disso tudo, o setor começa a se recuperar por causa da demanda doméstica, que vem provando que mantém a economia do país aquecida. O início do ano foi bem difícil, mas com o alívio no crédito, as vendas voltaram a acontecer”, ressalta Diniz.

 

Efeito IPI

As contratações no setor de eletrodomésticos também registram alta desde maio. O número de vagas vem crescendo em um ritmo de 10% em relação a março deste ano, antes do anúncio do governo de reduzir o Imposto Sobre Produto Industrializado (IPI) em produtos da linha branca – fogão, geladeira e máquinas de lavar.

 

O diretor de Marketing da Electrolux do Brasil, Ricardo Cons, diz que a empresa contratou, desde maio, mais de 600 trabalhadores como efetivos nas fábricas de Curitiba (PR), São Carlos (SP) e Manaus (AM) e avalia a abertura de mais vagas.

 

“Estimamos que esse cenário positivo se mantenha no segundo semestre, o que resultará num crescimento acima de 10% da mão de obras até o fim deste ano”, conta.

 

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) vai revelar os números de emprego e produção na próxima quinta-feira, mas o diretor do Departamento de Economia da federação, Paulo Francini, estima que o fechamento de 8 mil vagas em junho será revertido para zero em julho.

 

“Na soma total, a criação de empregos deve ficar zerada, mas já é um sinal de recuperação da indústria porque número deixará de ser negativo”, estima o diretor.

 

A edição de julho da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou que 23,2% das empresas entrevistadas pretendem contratar até setembro, ante 15,3% que preveem demissões.

 

De 14 setores pesquisados, só a indústria química deve reduzir a mão de obra no período.

 

O coordenador técnico da sondagem, Jorge Fraga, diz que é a primeira vez deste outubro de 2008 que o número de companhias com vontade de contratar ultrapassa as que querem demitir.

 

“A retomada da confiança do consumidor, a oferta de crédito maior e o mercado interno aquecido são os responsáveis pelo aumento da produção das indústrias, que estão voltando a contratar”, explicou.

 

Os outros Brics

No levantamento da KPMG, 55,7% das indústrias russas consultadas mostraram otimismo para os próximos 12 meses.

 

Em seguida, vem a China, com 55,3%. O país com menos perspectivas positivas é a Índia, com 38,5%. No total, 118 mil empresas foram entrevistadas.
(Fonte: Jornal do Brasil)