“Quando pensamos que o período de vigilância da ditadura militar ficou para trás, que estamos vivendo um novo tempo, de Comissão da Verdade, liberdades individuais e busca de cidadania plena, somos surpreendidos com resquícios de um período em que a sociedade civil brasileira era monitorada e intimidada com objetivo de evitar qualquer manifestação contrária aos interesses governamentais.
A notícia de que a “Abin monitora movimento sindical no porto de Suape” causa indignação e está sendo repudiada pela CNTM e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. É inadmissível aceitar que depois da luta árdua pela redemocratização do País estejamos sendo novamente perseguidos, monitorados por um gabinete, de Segurança Institucional, ligado diretamente à presidenta Dilma Rousseff, que sofreu física e psicologicamente nas mãos de um estado ditatorial que ela própria lutou para derrubar.
Órgãos de espionagem para controlar movimentos sociais e representativos, nunca mais. Há menos de um mês, dirigentes do movimento sindical brasileiro estiveram reunidos com os presidentes da Câmara, do Senado, do Supremo Tribunal Federal e com a presidenta para entregar uma Pauta com reivindicações da classe trabalhadora e com consequências positivas para a sociedade. Também se reuniram com representantes do governo para negociar a questão dos portos e buscar um entendimento, como é normal numa democracia.
Vale ressaltar que o governo federal baixou a MP dos Portos sem procurar ouvir uma grande parte interessada – os trabalhadores portuários e seus representantes. Não esperava reação?
Em unidade com a Força Sindical, repetimos que transformar os críticos em adversários que devem ser perseguidos de forma implacável e aniquilados politicamente é método típico de governos autoritários, que têm ojeriza aos que discordam publicamente da condução de determinadas políticas públicas.
A CNTM e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo vão continuar lutando contra arbitrariedades como esta, que nada constroem, manifestando-se contra qualquer medida que venha a penalizar a classe trabalhadora, apoiando medidas corretas, como o corte dos juros e de impostos e defendendo, sempre, o diálogo.
Viva a democracia brasileira!”
Miguel Torres
Presidente da CNTM – Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes