Hugo Passarelli e Vanessa Beltrão,
especial para o Jornal da Tarde
Planejar o futuro financeiro dos filhos não é só privilégio das classes elevadas. Com o controle da inflação, a queda do desemprego e o crescimento da renda, famílias que recebem até R$ 4 mil têm conseguido contratar planos de previdência privada para crianças e adolescentes. No Bradesco, por exemplo, 47% dos planos para menores pertencem a pessoas com renda de até R$ 2,5 mil. Na Brasilprev, um quarto de toda a carteira de previdência é de clientes com renda de até R$ 4 mil e, destes, 54% são planos para jovens. No geral, segundo a Fenaprevi, as duas empresas representaram 57,5% de toda indústria de previdência privada no 1º semestre deste ano.
“Observamos um crescimento muito grande de planos de previdências para os filhos e tentamos explorar essa fatia. Hoje, 90% dos clientes já eram correntistas”, afirma Américo Gomes, diretor executivo do Bradesco Vida e Previdência. O banco prepara para outubro uma série de ajustes nas taxas e no mix entre renda fixa e variável nos planos.
No 1º semestre, as contratações para menores cresceram 19,2% e, em todo o ano passado, essa evolução foi de 24%, segundo a Fenaprevi. “Esperamos um segundo semestre ainda melhor para essa modalidade”, afirma Osvaldo Nascimento, vice-presidente da entidade.
O professor da Fipecafi Silvio Paixão alerta que os planos de previdência para menores exigem cuidado na hora da escolha do gestor e da carteira. “O juro baixo só acentuou a necessidade da preocupação com as taxas”, afirma.
Ele se refere às taxas de administração e carregamento que, em níveis elevados, podem depenar o rendimento da previdência, principalmente no longo prazo. A primeira é o custo cobrado pelo gestor, enquanto a segunda incide sobre os aportes mensais. Paixão indica que a taxa de administração não ultrapasse 1% e que a de carregamento seja próxima de zero.
Também é importante saber optar o que oferece melhor tributação de Imposto de Renda entre os tipos de planos, PGBL ou VGBL (leia mais ao lado).
Paixão ainda recomenda uma gestão “mais ativa” nesses planos. O ideal, observa, é não apostar só em renda fixa, mas balancear os aportes entre renda fixa e ações dentro dos planos. A orientação do professor é que, a cada seis meses, o consumidor observe como está a rentabilidade.
Algumas vezes, a preocupação com o futuro se estende para outras gerações. O advogado aposentado Edvaldo Panta, de Recife, fez o plano de previdência para seus três netos, duas meninas com cinco anos e um menino de 11, quando cada um tinha dois anos de idade. Na época, os juros eram mais altos no Brasil, o que garantia uma rentabilidade maior.
O avô quer garantir uma reserva de dinheiro que, no futuro, possa ser utilizada para pagar uma faculdade. Mas ele já desconfia se seus netos conseguirão o dinheiro necessário para isso. “Na época que eu fiz valia a pena, se fosse iniciar hoje, não acho que seria vantagem”, afirma.