Sem conseguir fechar plano para obter ajuda do governo, Chrysler negocia com Tesouro anúncio de concordata na próxima semana, diz “NYT”
General Motors fechará, a partir do mês que vem, 13 de suas 21 fábricas no país por até 11 semanas para reduzir os estoques
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Um mês após o governo dos EUA ter dado um prazo final de restruturação às gigantes automotivas Chrysler e GM, veio à tona ontem que o Departamento do Tesouro prepara a concordata da primeira já na semana que vem, enquanto a segunda anunciou o fechamento de ao menos 13 de suas 21 fábricas no país por até 11 semanas.
A notícia sobre a concordata da Chrysler foi dada pelo “New York Times”, que conversou com pessoas próximas às negociações. Segundo o jornal, a montadora será submetida ao capítulo 11 da lei de falências norte-americana, enquanto continua a negociar uma aliança com a italiana Fiat.
Para evitar a concordata, a Casa Branca havia exigido que a Chrysler fechasse em 30 dias a aliança com a Fiat, o que a tornaria elegível a um empréstimo de US$ 6 bilhões -a empresa americana sobrevive hoje graças aos US$ 4 bilhões recebidos do governo desde dezembro. Como o prazo se esgota na próxima quinta-feira e a parceira não foi efetivada, o processo judicial já era esperado.
A novidade é que a concordata será facilitada por um acordo de princípios alcançado entre o governo dos EUA e o sindicato dos trabalhadores automotivos (UAW), cujas difíceis negociações atravancavam o processo. Pelo acordo, pensões e planos de saúde de aposentados serão protegidos, afirmou o “Times”.
Para a Fiat, o processo também poderá ser benéfico, pois permitirá que escolha mais facilmente que bens da Chrysler deseja manter, entre concessionárias, fábricas e operações de desenvolvimento de produtos. O resto poderá ser vendido.
Segue obscura a situação dos credores da montadora, que detêm US$ 6,9 bilhões em dívidas. Anteontem, o governo oferecera aos credores cerca de US$ 0,22 para cada US$ 1 em dívidas -ou US$ 1,5 bilhão- e 5% de participação na Chrysler após a reorganização judicial. No começo da semana, uma comissão de credores pedira US$ 0,65 por US$ 1, ou US$ 4,5 bilhões, e 40% das ações.
Alguns analistas chegaram a questionar se o vazamento das preparações para a concordata não seria uma forma de pressionar os credores.
Às moscas
Mas o cenário mais provável é que o governo dos EUA forneça o capital necessário para a Chrysler funcionar durante a concordata, e a negociação com credores seja feita nos tribunais. No Canadá, o governo local faria o mesmo.
Para a GM, que sobrevive graças a US$ 13,4 bilhões em empréstimos do governo desde dezembro, o caminho não parece muito diferente. O prazo que o governo deu à montadora para planejar uma restruturação viável só se encerra em 1º de junho, mas a visão generalizada é que a concordata da Chrysler fornecerá o modelo a ser seguido pela concorrente.
A Fiat está, inclusive, interessada em adquirir uma das unidades da GM na Europa, a da Opel.
Ontem, a GM afirmou que interromperá atividades em parte de suas fábricas norte-americanas nos próximos meses, em tentativa de reduzir estoques. Cerca de 190 mil veículos deixarão de ser produzidos.
As interrupções deverão começar em maio. Normalmente, a GM fecha suas fábricas por duas semanas no verão, mas desta vez o prazo irá até 11 semanas. Será o segundo fechamento de 2009: no começo do ano, 20 fábricas foram paradas, e a produção caiu 250 mil veículos. As ações da GM fecharam em queda de 4,4% ontem. A Chrysler tem capital fechado.