Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Artigo

Chocantes são os baixos salários

“Nas últimas semanas, a imprensa tem divulgado o pagamento pelo Estado de auxílio-moradia para juízes e parlamentares. Além dos bons salários a magistrados e políticos, o que surpreende é o grande número de penduricalhos, adicionais e outros privilégios que aumentam, em muito, os vencimentos.

Meses atrás, ficou famoso o caso de um magistrado, em Mato Grosso, que recebeu num único mês valor próximo a R$ 500 mil. Também chamou atenção o cinismo do juiz, que via com naturalidade receber soma tão alta num País onde, por exemplo, o Piso do professor é de R$ 2.455,35, para 40 horas semanais.

Não é o maior problema brasileiro. Mas a diferença brutal de renda entre as pessoas é um antigo nunca resolvido problema nacional. E não se trata de baixar o salário de magistrados e deputados. O que precisa são duas coisas: reduzir os penduricalhos e arranjos que elevam a níveis imorais seus vencimentos e, por outro lado, aumentar o ganho de quem está na base da pirâmide salarial. Não é possível sobreviver com um salário mínimo de míseros R$ 954,00.

A justa distribuição da renda pelo trabalho é fator de qualidade de vida, equilíbrio social e também desenvolvimento econômico. Cito a Alemanha. É o país mais rico da Europa e o que possui, em todo o mundo, a mais justa estrutura salarial. Portanto, uma justa estrutura de salários produz progresso e estabilidade.

Para que as pessoas saibam mais sobre a realidade salarial brasileira, informo que a média mensal do empregado com Carteira assinada em 2017 foi de R$ 2.059,00. Mas uma parte importante dos trabalhadores está na informalidade, com uma renda cerca de 40% inferior aos registrados em Carteira. Quanto ao salário mínimo, de míseros R$ 954,00, seu valor deveria estar em R$ 3.752,65, em janeiro, informa o Dieese.

Mas o trabalhador não só ganha mal. Na injusta estrutura tributária brasileira, é o segmento de baixa renda que mais paga impostos. E o pobre, quando se endivida, não tem direito aos programas de Refis ou às mamatas da renúncia fiscal: seu nome vai direto para o cadastro dos inadimplentes, o que praticamente inviabiliza sua vida econômica e social.

Portanto, na questão salarial, seria preciso fazermos dois movimentos. Na cúpula, cortar penduricalhos e benesses; na base trabalhadora, aumentar os salários para, pelo menos, os níveis indicados pelo Dieese.

Mídia – A grande imprensa está certa ao denunciar auxílio-moradia de quem ganha altos salários. Mas faria melhor serviço à Pátria se denunciasse os salários de fome e injustos que são praticados largamente em todo o País”.

José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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