Há mais de 40 dias o petróleo suja os mares brasileiros. A mancha letal para o ecossistema afetou todos os nove Estados do Nordeste – já se fala em mais de dois mil quilômetros atingidos. As correntes marítimas espalham o óleo, que chega às praias.
O governo federal nada faz; o Ibama alega falta de equipe e de equipamentos. O povo nordestino do Litoral, estimulado por ambientalistas e alguns governos locais, limpa as praias praticamente no braço.
Até agora, do governo federal – que é quem responde pela segurança marítima – não se viu uma medida mais efetiva. O que Bolsonaro fez foi lançar suspeitas sobre a Venezuela, embora alguns galões apreendidos tragam a marca da Shell.
Sou totalmente contra politizar essa tragédia ambiental, que golpeará duramente o sustento de pescadores, de criadores de mariscos e, claro, do turismo nordestino – justo agora que chega a alta temporada. O turismo é sazonal. Hotéis, pousadas, bares, restaurantes, empresas que organizam excursões – todos serão afetados.
Mas o principal atingido será mesmo o trabalhador. A vida nas colônias de pescadores é muito precária e essa gente tira do mar o seu sustento. A alta temporada gera empregos no Litoral (como o Natal gera nas grandes cidades). Ainda que temporários e precários, esses empregos sustentam famílias inteiras.
O Brasil anda numa fase péssima na questão ambiental. Observe: houve a tragédia criminosa de Mariana; depois, o vazamento brutal em Brumadinho; não muito tempo após, as queimadas na Amazônia. Sem falar nos incêndios no Museu Nacional e no Hospital Badim, ambos no Rio de Janeiro.
A devastação ambiental afeta a todos. Mas o rico, de uma forma ou de outra, se protege e sofre menos. Quem paga o pato é o pobre, que perde trabalho e renda, vê seu meio de vida ser afetado e, quando não, o próprio local onde vive tornar-se ainda mais impróprio e danoso à saúde da sua família.
A Nação tem o direito de saber quem derramou tanto petróleo em nossas águas? Não importa se foi o país A ou a multinacional B. O fato precisa ser apurado e as medidas, punitivas, devem ser duras. A par disso, o poder público precisa somar esforços e mobilizar entidades ambientalistas para limpar as áreas atingidas, proteger espécies, salvar vidas e evitar que os danos à saúde humana sejam ainda mais drásticos.
Constituição – O Artigo 25 (Capítulo VI) da Carta Magna trata do meio ambiente. Ali consta: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
José Pereira dos Santos – Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região e secretário nacional de Formação da Força Sindical
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