Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Artigo

Cenário preocupante

O Brasil elegeu seus novos deputados estaduais, federais e senadores. São eles que vão aprovar ou não os projetos apresentados, transformando-os em leis. Mas algumas informações já nos deixam preocupados mesmo antes da posse: os veículos de comunicação mostraram, por exemplo, que quase metade da nova Câmara dos Deputados será formada por deputados federais milionários. No total, teremos 241 políticos que declaram ter patrimônio superior a R$ 1 milhão (47% dos 513 eleitos).

Além disso, outro levantamento mostra que 133 deputados federais eleitos se declararam empresários, além de 14 representantes do setor de agronegócios e 7 comerciantes. Não temos nada contra o patrimônio de ninguém, muito menos contra a profissão ou ocupação de cada um. Mas uma pergunta fica no ar: será que esses parlamentares vão defender os direitos dos trabalhadores assalariados ao longo dos próximos 4 anos? Posso estar errado, mas acredito que não.

Mas a nossa preocupação não termina por aí. Conquistas históricas e que já fazem parte do cotidiano dos brasileiros, como o 13º salário e o adicional de férias, estão sendo questionados abertamente, abrindo caminho para perigosas tentativas de  eliminar esses direitos. Há alguns anos, ninguém sequer imaginava que isso pudesse acontecer. Todos imaginavam que esses direitos já estavam incorporados e jamais seriam sequer colocados em dúvida. Mas a sede de lucro de vários setores da nossa sociedade parece não ter fim e quem pode pagar a conta são os trabalhadores, de novo.

Vivemos em um país em que o trabalhador sempre é culpado por tudo. Temos um dos salários mínimos mais baixos do planeta, mas mesmo assim o salário é visto como um problema. O cidadão que trabalha 35 anos e se aposenta com uma miséria de benefício (que cai a cada ano que passa) aparece como o vilão da Previdência – e daqui a pouco nem poderá mais se aposentar. As férias são consideradas caras demais e agora eles estão indo para cima do 13º salário. Onde isso vai parar?

Caros companheiros, os anos que teremos pela frente devem ser difíceis para os trabalhadores. Nossos direitos elementares estão sendo colocados em jogo, como se isso fosse capaz de solucionar o desastre econômico que o Governo Federal provocou na economia. Basta olhar para o exterior para perceber que todos os países mais desenvolvidos lutam exatamente para que seus trabalhadores sejam melhor remunerados, fazendo com que a economia interna se aqueça.

Só aqui vivemos um cenário contrário. Será que todos estão errados, e o só o Brasil está certo? Tenho certeza que não.

  • Pedro Alves Benites é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Suzano e 2o Tesoureiro da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo