Folha SP
Documento do Partido Comunista Chinês substitui o combate à inflação como principal preocupação de Pequim
O índice de preços ao consumidor acumulado em 12 meses caiu para 4,2%, bem abaixo do pico de 6,5% de julho
FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM
Diante de um cenário internacional “severo e complicado”, a China deixará o combate à inflação em segundo plano para manter o crescimento e a estabilidade no ano que vem, revela o documento oficial do mais importante encontro anual do governo sobre economia, que foi encerrado ontem.
“Estabilidade significa manter a política macroeconômica basicamente estável, crescimento econômico relativamente rápido, preços ao consumidor estáveis e estabilidade social”, diz a nota, divulgada ao final do encontro de três dias, cujo objetivo era definir as diretrizes para o ano que vem.
Na avaliação do governo chinês, a recuperação da economia mundial continuará “instável e incerta” por causa da desaceleração e dos mercados financeiros “em caos”. O tom do documento é bastante diferente em relação ao do ano passado, cuja prioridade foi o combate à inflação num momento em que a segunda economia mundial dava sinais claros de superaquecimento.
Por outro lado, o uso reiterado da palavra “estável” reforça a avaliação preponderante entre economistas de que a China não fará mudanças bruscas na economia durante a complexa transição política que o país terá de enfrentar em breve.
No ano que vem, a cúpula do Partido Comunista e do governo será substituída. O dirigente máximo, Hu Jintao, deixará o poder após dez anos. Para o seu lugar, deve ser nomeado Xi Jinping, hoje vice-presidente.
A economia do maior parceiro comercial do Brasil vem desacelerando ao longo deste ano, por causa das políticas restritivas do governo e da piora do cenário internacional. O crescimento do PIB desacelerou para 9,1% no terceiro trimestre deste ano, em termos anualizados, contra 9,7% no primeiro trimestre. Já a inflação dá sinais de que estar sob controle.
No mês passado, o índice de preços ao consumidor acumulado em 12 meses caiu para 4,2%, bem menor do que o pico de 6,5% de julho.
BRASIL
A China fechará 2011, pelo terceiro ano consecutivo, como o maior parceiro comercial do Brasil.
Até novembro, o intercâmbio entre os dois países chegou a US$ 70,8 bilhões, já bastante superior aos US$ 56,4 bilhões registrados em todo o ano passado.
A balança comercial continua favorável ao Brasil: um saldo de US$ 10,5 bilhões de janeiro a novembro.