Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Carta de Miguel Torres ao jornal O Estado de S. Paulo

“Política industrial ou lobby” – em resposta ao referido editorial, posicionamo-nos da seguinte maneira:

“O que defendemos!
O Movimento Sindical brasileiro reforça sua posição na defesa de uma política industrial que estimule a produção nacional, inovação, investimento e mais e melhores empregos. As importações estão gerando renda e empregos lá fora.

Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado uma avalanche de produtos importados em diversos setores: eletroeletrônico, bens de capital, autopeças, automotivo, sem contar outros setores igualmente importantes – calçados, vestuário, brinquedos. Somente no setor automotivo, o volume de importações atingiu um número alarmante. No acumulado de jan-ago de 2011 foram licenciados 660 mil veículos importados [1], crescimento de 45% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Se considerarmos somente os dados da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores – Abeiva, na mesma base de comparação foi registrado um crescimento de veículos importados de 112%. Nesse ritmo alcançaremos 1 milhão de veículos importados logo logo. Em 2010, foram 680 mil veículos importados.

Para aqueles que têm certa miopia, a produção de veículos no Brasil no acumulado do ano cresceu 4%, enquanto que o volume de veículos importados cresceu 45%. É essa a dimensão do problema.

Esse volume de veículos corresponde a praticamente a produção de uma montadora instalada no Brasil como a General Motors, que produziu, em 2010, cerca de 651 mil veículos, correspondendo a cerca de 184 mil postos de trabalhos (23 mil diretos e 161 mil indiretos). Estamos falando de cerca de R$ 4,7 bilhões (Massa salarial + PLR) que estão deixando de circular no país, e cerca de R$ 1 bilhão que poderiam ser arrecadados (IRPF e contribuição previdenciária), sem contar com outros impostos, taxas e contribuições, como IPI, FGTS, CSSL etc.

Salientamos que o movimento sindical não defende lobby, defende um estado desenvolvimentista, uma política industrial que fortaleça a indústria nacional e que seja sistêmica e não difusa. Para tanto, defendemos que qualquer tipo de estímulo setorial, via incentivo fiscal e de subsídios, seja pactuado na sociedade organizada, por meio de contrapartidas sociais e ambientais”.

(1- Fonte: Anfavea, Abeiva)

Por Miguel Torres
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes e Vice-presidente da Força Sindical